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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cópia do blog

Uma amiga minha me fez um alerta hoje dizendo que um blog havia copiado meu texto do "Cão Educado é cão feliz". O texto copiado esta aqui. A pessoa sequer modificou o texto, tem coisas que eu mesma escrevi e continuam lá. Só mudou a foto, mas não a legenda. E é o blog de uma empresa de obediência canina.

Portanto um aviso aos blogueiros: quer pegar um texto daqui, pegue, mas coloque a FONTE DO SITE, ou seja, diga que o texto foi retirado do CANTO DOS BICHOS. E fotos MINHAS não estão disponíveis p/ cópia, entendeu?

Obrigada

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 4

Vamos agora à terceira parte da Inteligência Instintiva (tem ainda mais partes... esta série vai longe, mas é muito legal para quem curte uma boa história da cinofilia).

Inteligência Instintiva (parte III)
Cães de Pastoreio
Este é um dos seus usos mais permanentes. Até mesmo em países onde os cães são considerados impuros, as pessoas reconhecem que eles são úteis na lida com os animais de fazenda. Alguns cães, como Komondor e Kuvasz, são usados apenas para a guarda dos rebanhos. Mas o uso mais comum é para manter rebanhos de ovelhas, gado ou gansos juntos (claro, além de outros animais) e conduzi-los para locais específicos.


Kuvasz fazendo a guarda de um rebanho

Border Collie ajudando na lida com ovelhas

Os cães herdaram sua aptidão para o pastoreio dos lobos e outros canídeos selvagens que caçam em latilhas. A matilha procura manter junto um grupo de presas em potencial, conduzindo-as a um local específico, e ali separar o animal escolhido para o abate.

Lobos caçando um bisão

Cães caçadores caçando um gnu 

Estes comportamentos de caça se baseiam em cinco instruções geneticamente programadas. As duas primeiras tem a ver com a localização em torno da presa escolhida: a nº 1 diz que uma vez que a presa é avistada, cada lobo se aproximará dela até mais ou menos a mesma distância. A nº 2 diz que cada lobo ficará equidistante dos parceiros à sua direita e esquerda. A implementação destas instruções produz o padrão de certo aparentemente elegante e complexo, com a matilha formando um círculo quase perfeito que se fecha continuamente durante a caçada.

Desde filhote os cães pastores tentam pastorear qualquer coisa que se mexa, de folhas a crianças. O problema para o cão sozinho é que ele tentará fazer o trabalho de uma dúzia de lobos. Primeiro, ele decide qual a distância adequada que a alcateia deve manter do rebanho. A seguir, corre em redor para ocupar os postos que normalmente seriam preenchidos pelos companheiros de caçada. Ao ir de posto em posto, ele cerca o rebanho num amplo movimento de arrumação. Essa corrida em curvas, com pausas, leva as ovelhas a se agruparem e, assim, o rebanho fica junto.

A terceira instrução genética é a emboscada. Quando a alcateia caça, um lobo separa-se dos outros e se esconde para não ser visto pela presa. Agachado, ele espera enquanto os outros lobos conduzem o rebanho lentamente, aproximando-se de onde ele está.  Por isso os cães pastores correm e depois se agacham no chão e ficam olhando as ovelhas fixamente. O olhar do cão parece hipnotizar qualquer ovelha que queira se afastar do rebanho e tende a mantê-las em suas posições.

O olhar penetrante do Border Collie

A quarta programação é responsável pela condução do rebanho. Os lobos manejam rebanhos de bisões, antílopes ou cervos, fazendo-os entrar em áreas onde os movimentos do rebanho serão limitados pelascaracterísticas do terreno, como morros ou cursos d'água. Quando as rotas de escape ficam interditadas, é mais fácil separar e isolar os indivíduos. Os lobos realizam este trabalho investindo frontalmente contra os animais, que correm em sentido contrário. O rumo dos animais pode ser alterado também por meio de mordiscadas em seus calcanhares e flancos. Alguns cães pastores usam o mesmo procediento para controlar os animais do rebanho.

Australian Kelpie mordiscando o calcanhar de uma vaca

A última instrução tem a ver com a organização social adotada pelos lobos naturalmente. O líder inicia e coordena os movimentos da alcateia, e os outros lobos o observam com cuidado e seguem sua liderança. No caso, o homem ensina ao cão pastor diversos comandos, coordenando o pastoreio. Alguns comandos básicos aprendidos pelos cães pastores:

Vem - o cão vai até o pastor.

Pare - o cão para o que estiver fazendo.

Vá para a esquerda (ou direita) - o cão se move na direção indicada, sendo que os movimentos guardam relação com a posição do rebanho.

Cercar à esquerda (ou direita) - o cão deve iniciar a manobra de cerco.

Deita - deflagra a posição na qual o cão se deita e olha para o rebanho.

Perto - o cão se aproxima do rebanho.

Devagar ou Rápido - são comandos usados para controlar a velocidade ou vigor de qualquer atividade que o cão esteja realizando no momento.

Chega - é a deixa para o cão largar o rebanho e voltar ao lado do pastor.

Estes comandos podem ser dados oralmente, por gestos ou apito, ou uma combinação destes.

Algumas raças possuem uma inteligência instintiva que lhes dá condições de se sobressair em determinados sistemas de pastoreio ou certos tipos de animais. Collies, Pastores de Shetland e Border Collies são cães de pastoreio de ovelhas excepcionalmente eficientes e brilhantes.

Pastor de Shetland pastoreando ovelhas

Os Pastores Belga (Malinois, Tervueren, Groenedael e Lakenois), Pastores Alemães, Bearded Collies e Briard são eficientes animais de pastoreio grandes o bastante para também dar proteção contra predadores.

Briard com o rebanho. Dupla função: pastoreio e protetor de rebanhos

Os Welsh Corgis, tanto o Cardigan quanto o Pembroke, foram criados bem baixinhos para que quando mordessem as patas das reses para fazê-las andar, e estas, irritadas, reagissem com coices, os cascos passassem por cima das cabeças dos cães, deixando-os ilesos.

Welsh Corgi Pembroke em ação

domingo, 19 de setembro de 2010

Séries bacanas para se ler

Uma amiga minha, Ana Corina, recentemente iniciou duas séries: uma sobre guia de raças, que é uma bela ajuda para saber se a raça X combina ou não com você antes de adotá-la; e a série filhotes, que dá dicas para quem adotou/comprou um filhote e quer educá-lo da melhor forma possível.

Leitura obrigatória para mães e pais de cachorro!

Ana Corina já deu as caras por aqui, nesta entrevista.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Treinando Dois Cães: É Possível? Parte IV

Agora vou escrever sobre alguns truques que podemos ensinar para nossos cães fazerem em dupla. No próximo post, falarei sobre "distrações".

Truques
Dá a Pata e Tchau
Se seus cães ainda não sabem dar a pata, coloque um petisco na mão, feche-a e coloque na frente do cachorro (sentado). No momento que ele colocar a patinha, clique e dê o petisco com a outra mão. Aos poucos, vá deixando só o cheiro do petisco na sua mão e ela aberta. Quando ele colocar a pata assim que vir sua mão na frente dele, comece a dar o comando antes de lhe oferecer a mão. Simples, né?! Mas, vamos ao treininho em dupla.

1. Com os dois sentados lado a lado, dê o comando.

2. Clique somente quando os dois colocarem a pata na sua mão (os dois colocam as patas na mesma mão, afinal, com qual mão você os recompensará, né?!).

Quanto mais prática eles tiverem, melhor será o desempenho e eles colocarão a pata ao mesmo tempo na sua mão. Clique e jackpot (dar vários petiscos em curto intervalo de tempo e até terminar a aula, nem que seja pra voltar daqui uns 5 minutos).

O Tchau é uma extensão do Dá a Pata, mas os cães não tocam na sua mão, apenas levantam as patas e ficam dando tchau mesmo. Clique para um tchau, dois tchaus e assim sucessivamente, até que fique do jeito que você quer (mas não vai inventar de deixar os pobres dando tchau indefinidamente...).

Com o tempo e com a prática deles, você pode ir aumentando a distância aos poucos também (lembrando de diminuir o número de tchaus - afinal, quando se aumenta um critério, o anterior precisa ficar mais fácil).

Gira
Fica muito legal este truque, além de ser simples de se fazer.

1. Ensine cada cão em separado.

2. Com um petisco, vá guiando o cão para girar (não é o rola, tá? O cão dá a volta nele mesmo, como a gente quando gira). Quando ele terminar, clique e dê o petisco.

3. Com o tempo, use somente a sua mão para fazer o gesto. Assim que ele fizer o truque sem precisar do petisco na sua mão, dê o comando antes de fazer o gesto.

4. Ensine-o a girar para o outro lado, usando outro comando (aqui uso o "círculo").

5. Para fazer com os dois cães, você vai precisar das duas mãos no começo. Quando eles estiverem bem experientes em fazer o truque juntos, você pode usar apenas uma mão para dar o comando. E, claro, clique e recompense quando os dois tiverem terminado de fazer o truque.

Rola
Para fazer este truque precisamos ter um bom timing e os cães não podem achar ruim tocar um ao outro. Se eles ficam nervosos quando se tocam, melhor nem fazer este truque. Aliás, se você tiver um magrelo como eu, não faça este truque: machuca as costas do cão, principalmente se for feito em piso duro. A Suzie sabe fazer sim, mas só faço com ela na cama e em gramados. Deste jeito, não machuca.

1. Os dois cães devem estar deitados lado a lado e voltados para a mesma direção.

2. Eles devem saber rolar (mesma coisa do gira: usa um petisco com o cão deitado e vá guiando-o até que ele role - o cachorro cheira o petisco e você guia o petisco na direção do ombro do cão; ele vai deitar de lado e aí, é só você ajudá-lo com o petisco) e, no começo, você precisa usar suas duas mãos para dar o comando verbal e gestual.

3. Se você for fazer com que eles girem para a esquerda, peça para o cão da esquerda rolar primeiro.

4. Assim que ele começar a rolar, fale pro outro rolar também.

5. Assim que os dois terminarem o truque, clique e recompense.

Você pode pedir que eles rolem duas, três vezes, mas eles devem estar confortáveis quanto a isso. Se quiser que eles rolem em outra direção, use outro comando (eu uso o mesmo, mas uso a outra mão para o comando gestual, aí a Suzie sabe pra qual lado rolar).

Existe uma série de truques que você pode fazer com seus cães em dupla. Só publiquei três porque senão seria uma série infinita. Pular arcos, dançar, latir, pegar um biscoito com o nariz, enfim, são inúmeros os truques. Use sua imaginação, criatividade, paciência, muitos petiscos e divirta-se com seus cães!

Bom divertimento com seus cães! Até semana que vem.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 3

Continuando com a segunda parte da Inteligência Instintiva.

Inteligência Instintiva (parte II)

Cães de Caça
A associação dos cães com humanos começou quando éramos principalmente caçadores. Os cães começaram a exibir muitas das suas habilidades também na arte da caça. As pessoas, então, começaram a selecionar as raças para caça, unindo características úteis dos cães e, desta forma, modificando a inteligência instintiva do animal de forma sistemática. Os cães são usados para achar animais, provocar a revoada, persegui-los, abate-los e levá-los aos seus tutores. (Sou contra a caça de animais mas, devo confessar que acho a maioria dos cães de caça os mais lindos do mundo...).

Cães de Tiro
Os cães de "tiro" são os Setters, Pointers, Spaniels e Retrievers. Cada um deles foi desenvolvido para executar tarefas específicas. São cães que foram selecionados para trabalhar na caça onde a presa é abatida com armas de fogo (Pobres bichinhos... mas, seguindo). Vamos usar o Pointer como exemplo. É um cão silencioso, de ótimo faro. Quando descobre a presa, ele simplesmente congela, apontando onde a presa se encontra com a cabeça e, muitas vezes, com todo o corpo.

Pointer Inglês em ação

Alguns cientista dizem que o comportamento do cão de aponte é uma espécie de curto-circuito ou sobrecarga nerval que congela o cão na posição no momento em que ele se lançaria para a presa. Nos lobos é visto um comportamento parecido, mas eles mantém esta posição por, no máximo, um minuto.

O treinamento de um Pointer torna seu comportamento de caça mais preciso e controlável, mas a tendência a apontar é inata. Filhotes constantemente apontam folhas que caem, penas e brinquedos, mesmo sem terem sido treinados para tanto.

Filhotes de Pointer Inglês apontando aos 3 meses de idade

Com a melhoria das armas de fogo foi preciso mudar um pouco o comportamento do cão. Era preciso cães mais rápidos e mais inteligentes então os criadores desenvolveram os Setters. Os cães deste grupo sentam-se e olham direto para onde a presa se encontra. Ao serem liberados da posição sentado, estes cães se aproximam da presa com movimentos sinuosos, suas caudas abanando cada vez mais rápido. O padrão de oscilação da cauda permite ao caçador prever com precisão quando a ave romperá o cerco e alçará voo.

Setter Inglês correndo em direção à presa

A caça com Spaniels é menos disciplinada. Os Spaniels estão adaptados ao trabalho através de arbustos ou sobre terrenos pantanosos. Esquadrinham o solo pouco à frente do caçador mas, embora procurem a presa, não avisam quando a encontram. Caçar com Spaniels é mais vantajoso quando se caça com redes.

Springer Spaniel Inglês levantando a ave (quando se há poucas aves, também é usada arma de fogo na caça com Spaniels)

No final do século XVIII a densidade populacional aumentou e a zona rural acessível era, na sua maior parte, terra desmatada. Isso originou outra modalidade de caça, onde os caçadores atiravam nas aves, perdizes e faisões, por exemplo, quando elas levantavam voo. Esse tipo de caça demandava cães que localizassem as aves assim que estas caíssem e apanhá-las, sem danificá-las. Mesmo que Pointers, Setters e Spaniels possam ser treinados para tanto, criou-se um especialista no assunto: os Retrievers.

Flat Coated Retriever se atirando na água para pegar a presa...

...e levando-a sem danificá-la ao caçador 

Em áreas pantanosas, cães como Retriever do Labrador são úteis por adorar água. A habilidade dos Retrievers para traçar uma trajetória e deduzir onde a presa cairá é surpreendente. Basta passar um dia no parque e ver como Labradores e Goldens sabem exatamente onde caiu a bolinha ou o frisbee.

Cães Caçadores
Estes cães não caçam individualmente, como as raças acima, mas em matilhas. Além disso, eles não são auxiliares na caça com armas de fogo; são eles que caçam e matam as presas.
Existem dois tipos de caçadores: os sighthounds, que caçam usando a visão, e os scenthounds que usam o olfato. 

Os primeiros avistam a presa e perseguem-na a uma velocidade incrível (e matando-a) assim que a localizam. Salukis e Afghan Hounds são usados na caça a gazelas e antílopes em seus países de origem. O Irish Wolfhound e o Scottish Deerhound foram usados para caçar caribus, alces e lobos. 

Borzois em ação

Estes cães são tão eficientes que grande parte da caça à qual se dedicavam foi eliminada. Por causa deles, cervos, alces, lobos e grandes felinos foram extintos das Ilhas Britânicas e tiveram seu número drasticamente reduzido em toda a Europa (entenderam porque eu ABOMINO as caçadas? O bicho-homem destroi quase tudo por onde passa... felizmente existem seres humanos que fazem jus ao termo "humano" de ser). O resultado? Estes cães perderam seus "empregos" e quase desapareceram.

O segundo grupo usam seus focinhos para seguir a pista da presa. A maioria caça animais tidos como predadores que fazendeiros querem eliminar, incluindo raposas, texugos, coelhos, lebres, guaxinins, linces, pumas etc (pobres animais. A gente que invade seu hábitat e eles que são danosos. Sacanagem).

Matilha de Redbone Coonhound acha a presa

Estes cães foram criados para aperfeiçoamento de suas habilidades no uso do faro, desejo de rastrear e latidos. Suas narinas apontam para frente e para baixo, permitindo que peguem o odor nas correntes de ar que sobem do solo. 

Para se evitar que apenas um único cão seguisse o rastro da presa, o que o cansaria olfativamente, estes cães trabalham em grandes matilhas, cada cão revezando o trabalho de faro. Sabe quando a gente se acostuma com determinado cheiro depois de um tempo sentindo-o? Pois é, acontece o mesmo com estes cães, sabia? Por isso o revezamento e o trabalho em equipe.

Hoje em dia são cães muito usados na detecção de drogas, alimentos (a Beagle Brigade), busca de pessoas entre outras funções (bem mais legal, do ponto de vista animal).

Beagle da Beagle Brigade em ação para detectar a entrada de alimentos clandestinos nos Estados Unidos

Terriers
Sua habilidade é perseguir a presa dentro de sua toca e obrigá-la a sair ou matá-la. Seu pelo duro o protege do atrito quando ele entra na toca. Protege-o também das possíveis mordidas dadas pelo animal encurralado. São cães muito corajosos, precisam trabalhar sozinhos, muitas vezes no escuro das tocas, em situações nas quais não pode recuar e sua vida depende da sua habilidade de lutar. Além disso, são bastante latidores: devem latir ao menor estímulo ou excitação. Estes latidos alertamm os caçadores quanto à localização da toca. É o som dos latidos que diz aos caçadores onde devem cavar.

Border Terrier entrando na toca

São também cães excelentes na caça aos ratos e outros animais daninhos: são mais eficientes que os gatos neste quesito. De modo geral, matam suas presas agarrando-as pelo pescoço e sacudindo-o para quebrá-lo. Por isso suas mandíbulas são incrivelmente fortes. (Quem tem cães terriers vivendo em sítios, sabe muito bem de sua capacidade de acabar com ratos).

Gente, sério, imaginem quantos cães morrem na caçadas? Sim, não são apenas os animais caçados que morrem... Imaginem quantos cães não foram mortos por lobos, leões, texugos, linces etc? E quantos não foram mortos pelos próprios caçadores? Já pararam para pensar nisso? E quando os cães não "serviam" mais eram aposentados? Eram mortos... como ainda o são. Pensem nisso.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cão educado é cão feliz

Cão educado é cão feliz. Mas, por que? Simples: um cão educado é bem recebido com seus tutores em locais que aceitem animais de estimação (hotéis, restaurantes, bares); um cão educado vive com contato intenso com seus tutores, pois segue as regras da casa e não causa transtornos; um cão educado vive mais, pois permite que seus tutores verifiquem com mais rapidez quaisquer eventuais problemas de saúde, seja uma simples pulginha a um caso recém iniciado de dermatite; um cão educado tem mais amigos, é bem vindo nas casas dos amigos dos tutores devido ao seu bom temperamento; e por aí vai.

Como vimos, só existe vantagens em se ter um cão educado. Hoje vou tratar de três probleminhas relacionados a receber visitas em nossa casa e educar nosso melhor amigo para ser um excelente anfitrião!

Lembrando que sou contra a chamada punição positiva, ou seja, quando acrescentamos algo ruim para evitar um comportamento do cão (pisar nas patas dele quando ele pula na gente, por exemplo). O cachorro evita fazer por medo e esse método pode comprometer o laço que nos une aos nossos amados (em alguns casos compromete mesmo, a ponto de o cão não fazer mais nada por medo, pavor da gente). Meus comentários no texto estão em vermelho. 

Se seu cachorro...
Corre até a porta sempre que toca a campainha
Ensine-o o comando "espere". Coloque sentado ou em stay (alguns cães, como os galgos, se sentem desconfortáveis quando ficam sentados, portanto, neste caso, opte por deixá-lo em stay) e com a palma da sua mão aberta perto do cachorro diga "espere". Depois de alguns segundos com ele parado, recompense-o. Aos poucos, vá se distanciando devagar do cachorro, até você colocar a mão na maçaneta da porta. Se seu cachorro sair da posição, repita o procedimento até que você consiga abrir a porta sem que ele saia correndo por ela. Para testá-lo, peça para alguém da família tocar a campainha. Se ele correr, feche a porta. Não deixe que seu cachorro saia do lugar até que a pessoa tenha entrado na sua casa. Confesso que este treino eu não conhecia e vou colocá-lo em prática quando chega gente. Quando saímos ela não tenta sair, mesmo se deixarmos a porta aberta. Falta fazer o teste com a chegada de gente (Letíciaaaa... você vai me ajudar neste, filha).

Se seu cachorro...
Pula nas visitas
Não faça escândalo. Ao invés disso, diga ao visitante: "Meu cão está sendo treinado. Por favor, ignore este comportamento". Então, dê as costas ao seu cachorro e peça que o visitante faça o mesmo. Pular é a maneira que nossos cães usam para chamar nossa atenção. Quanto menos atenção ganhar, menos excitado ficará. Quando seu cão se acalmar - quando estiver com as quatro patas no chão -, espere uns cinco segundos e então recompense-o. Até que este comportamento acabe, você terá mais alguns episódios de cães pulando nas visitas. Mas seja persistente! Afinal, você quer ser o primeiro a cumprimentar as visitas. A Suzie tem melhorado, mas não está 100% neste treino. E eu tenho ciência que a culpa não é dela, mas desta humana que vos escreve.

Se seu cachorro...
Pede comida na mesa
Bloqueie-o com seu corpo e diga "Para trás" (eu uso um "Ê ê" que a Suzie entende na boa) enquanto o retira do local com delicadeza (nada de ficar dando joelhada no cachorro, pisando nas patinhas, nada disso, ok?). O bloqueio corporal é como os cães controlam seu espaço então, quando fazemos isso, comunicamos aos cães que aquele é nosso espaço e o reivindicamos. Lembre-se: bloqueie sem fazer contato físico.

Fonte: Victoria Stilwell     
Foto: Suzie fingindo ser bem comportada (tirada por uma grande amiga, Helena, lá de Brasília)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Salmonella: a Bactéria do Mal

Esta semana, a Sylvia Angélico passou este texto para que lêssemos a respeito da salmonella e seus riscos. Este artigo foi escrito por dois médicos veterinários naturopatas, o Dr. Kim Bloomer e a Dra. Jeannie Thomason. Ambos escrevem nos sites www.aspenbloompetcare.com e www.theholedog.org. O texto foi retirado do site www.dogsnaturallymagazine.com. Espero que gostem!

Salmonella: a bactéria do mal

Em 2007 testemunhamos o maior recall de rações na história dos alimentos comerciais para pets. Desde então, mais e mais tutores demonstram maior interesse em que seus animais tem comido. Prestar atenção nos recalls de alimentos, petiscos e produtos destinados aos animais é sinal de responsabilidade. A causa mais comum de recalls ultimamente é devido à contaminação por salmonella. O Centre for Disease Control (CDC), Food and Drug Administration (FDA) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) advertem que a salmonella pode ser prejudicial às pessoas que manipulam estes produtos para animais de estimação, além de ocasionar problemas para os próprios animais. Consequentemente, tutores de animais estão bem cientes do que é, na verdade, uma ocorrência natural da bactéria que traz menos risco aos cães que se imagina.

Bactéria Boa e Má
Qualquer cão (e humano) tem bactérias “boas” e “más” vivendo em seus intestinos, fazendo parte da flora intestinal. Para que o sistema imunológico funcione bem, as bactérias boas, ou probióticos,  devem representar 80% da flora intestinal. As bactérias “más” (incluindo ocorrências de salmonella e E. coli), representam os 20% restantes. Os cães, sendo carnívoros oportunistas, feitos para comer coisas que nós trememos só de pensar, tem o trato gastrointestinal com características únicas que previnem que bactérias patogênicas, como salmonella e e. Coli, aumentem em número e causem um desequilíbrio na flora intestinal.

A saliva dos cães tem uma enzima digestiva que contem propriedades que neutralizam as bactérias e previnem que microorganismos patogênicos migrem em grande número para os intestinos. Qualquer bactéria remanescente é eliminada pelo forte ácido hidroclorídrico feito para, especificamente nos carnívoros, criar o pH correto (entre 1 e 2) para que as enzimas matem qualquer bactéria residual que esteja indo para os intestinos.

Quando o sistema imunológico dos animais está saudável, as poucas bactérias que sobrevivem ao forte ácido estomacal passa para o intestino delgado, que em um animal saudável contém enzimas digestivas, bicarbonato e sais biliares, secretados pelo fígado e pâncreas. Estas enzimas digerem as paredes celulares de qualquer bactéria perigosa sobrevivente e os sais biliares do fígado digerem gordura (no seu estado natural, cru) e transporta agentes anti-microbianos. Um sistema digestivo saudável também secreta uma enzima poderosa chamada lisozima que ataca as paredes celulares bacterianas. Qualquer bactéria que sobreviva a este arsenal terá que aderir à parede do intestino para que o cão fique doente.

As bactérias existem naturalmente e de maneira simbiótica no corpo dos animais e geralmente não causam nada de mais. A dieta, ambiente onde vive, química corporal e sistema imunológico influenciam a flora intestinal dos cães.

A flora intestinal de um cão saudável é relativamente estável. Esta estabilidade desencoraja qualquer infecção ocasionada por patógenos externos, como a salmonella, e previnem seu crescimento.

Uma Dieta Saudável
Quando damos comida cozida e processada (como é o caso das rações), elas invalidam as enzimas que são cruciais para manter a boa digestão e a saúde. Então, o corpo do cão precisa lançar mão de suas reservas de enzimas para processar esta comida artificial, assim rapidamente reduzindo estas importantes enzimas.

Apesar das defesas naturais dos cães contra a salmonella, é preciso apenas um pequeno número de bactérias para gerar uma infecção, embora, como dito anteriormente, este número esteja diretamente relacionado à saúde imunológica dos cães.

Para diminuir o risco de doenças relacionadas à salmonella nos cães, é preciso lhes dar uma dieta apropriada. Cães são carnívoros oportunistas, que precisam de uma dieta composta de carnes cruas e ossos. Nos perguntamos se a carne crua e os ossos não teriam bactérias perigosas, como a salmonella, e a resposta é sim. Mas, o fato de esta bactéria estar presente na carne crua não é uma surpresa. Não existe carne “livre de bactérias”. A maioria das vacas, porcos e aves usados anualmente estão contaminados com a ocorrência natural de bactérias. É provável que a carne que você compra para você mesmo esteja contaminada, assim como a carne crua que você dá para seu animal. (Tudo bem, a gente não come carne aqui, de nenhuma espécie, mas o texto é feito para todos, então...).

“A carne de animais saudávels acaba se contaminando nos abatedouros. A carne fica infectada por microorganismos quando é manuseada, embalada, processada, armazenada e transportada. Embora muitos procedimentos tenham sido incorporados no processo de produção de carne para reduzir o risco de contaminação, as bactérias persistem. Todos os produtos podem ser considerados contaminados.

O ácido estomacal dos cães mata as bactérias patogênicas pois foi feito para isso. Grãos e outros alimentos que não são comuns em uma dieta carnívora natural alteram o pH intestinal, tornando-o mais alcalino. Esta mudança na acidez afeta negativamente a habilidade do cão de destruir bactérias potencialmente perigosas como a salmonella.

As bactérias sobreviventes que passam até o trato intestinal tendem a aumentar em um cão que come grãos. Grãos, alimentos processados e vegetais demoram mais para ser digeridas porque os carnívoros não possuem tantas enzimas que quebram, digerem e assimilam os nutrientes destes alimentos. Esta demora cria uma boa oportunidade para que as bactérias perigosas, como a salmonella, se multipliquem e causem doenças.

Finalmente, cães alimentados com dietas pobres ou não apropriadas tem o sistema imune mais fraco devido à falta de enzimas vitais e de nutrientes que deveriam vir de uma dieta natural; e isto com certeza aumenta o risco de doenças vindas de bactérias.

O Fator Humano
Nosso trato intestinal não é eficiente como o do cão, então reduzir o risco de salmonella para nós, humanos, e mais importante. Para isso, é necessários termos hábitos sanitários saudáveis quando preparamos a comida de nossos cães, seja ela ração, petisco ou alimentação natural.

Lavar muito bem as mãos depois de manusear a comida do cão é importantíssimo! Além disso, a pia da cozinha e utensílios devem ser lavados com um produto anti bacteriano e atóxico, como vinagre branco, suco de limão, peróxido de hidrogênio. (Bom, além disso eu passo o detergente nosso de cada dia).

Conclusão: depois de tomarmos todo o cuidado com a salmonella do ponto de vista da saúde humana, ela não é um risco para cães saudáveis e que comem uma alimentação natural.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Treinando Dois Cães: É Possível? Parte III

Continuando com a série.

Deita-Fica
Pode ser um pouco mais difícil de se fazer em dupla, porque um deles pode não querer se mostrar submisso ao outro. Seus cães devem ficar confortáveis deitados um ao lado do outro, para não haver problemas.

Faça com que este exercício seja o melhor possível para os cães. Faça carinho na barriga e dê muitos petiscos, além de começar com um tempo pequeno (não os deixe muito tempo deitados, vamos começar aos poucos, lembra?). Comece também com um cão longe do outro e, à medida em que eles ficam mais confortáveis, pode ir aproximando-os.

Os dois na guia
Antes de começar, seus cães devem ficar bem tranquilos na presença um do outro.

Eles devem andar ao seu lado e um ao lado do outro.

1. Peça para os cães se sentarem.
2. Coloque a guia. Clique e recompense.
3. Com sua mão direita, segure a guia do cão mais perto de você; com a esquerda, segure a do outro cão (os dois estão do mesmo lado, ok?).
4. Se eles sabem andar sem puxar, ande com eles.
5. Ande cinco passos, pare, peça para eles sentarem, clique e recompense.
6. Gradualmente aumente o número de passos (sempre tendo em mente que os cães devem ser bem sucedidos e o treino terminar com os dois felizes por terem feito direitinho). Peça para eles sentarem e deitarem ao longo do exercício.

Preste atenção para não tensionar a guia. Quando seu cão está andando direitinho e a guia fica tensa, você está punindo o cão.

Se um deles, ou os dois, não estiverem com a guia frouxa, ao invés de dar trancos na guia, dê meia volta. Elogie, recompense, clique e premie seus cães quando eles fizerem o que você quer.

O objetivo é ensinar os dois cães a obedecer simultaneamente, apesar do local e das distrações.

Nas próximas semanas falarei um pouco de truques em duplas. Nada mais lindo que ter dois cães fazendo o mesmo truque, não é mesmo?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 2

Seguindo com a série, hoje vou falar um pouco sobre a Inteligência Instintiva. Avisando: falarei das três inteligências, mas todas serão divididas, Ok?!

Inteligência Instintiva (parte I)

É bem provável que nunca saibamos como nós e os cães estabelecemos nosso primeiro contato pessoal e de trabalho. Mas, supõe-se que os cães que escolheram estar conosco, e não o contrário. Antes do desenvolvimento da agricultura, a humanidade não ligava muito para os cuidados sanitários, então, era comum haver ossos, pedaços de pele e resíduos de caçadas perto dos acampamentos humanos. Os cães aprenderam a rondar as habitações humanas e, com isso, arrumavam comida de vez em quando, sem precisarem caçar. As pessoas primitivas toleravam a presença dos cães porque eles davam conta do lixo. Ainda hoje, em lugares menos desenvolvidos, os cães párias desempenham essa função: eliminar o lixo.

Aos poucos, as pessoas perceberam que os cães poderiam fazer mais do que apenas limpar o lixo. Os cães passaram também a servir de comida quando a caça escasseava.

Cães Vigia e de Guarda
A função do cão vigia é dar o alarme: seu latido é um perfeito sinal de advertência. A função original do latido é reunir a matilha para reagir diante de um problema ou possível intruso, sendo natural na maioria dos cães, não importando seu tamanho. Já dizia um ladrão: "Ao invés de um cão grande, tenha um cão pequeno que lata bastante. O grande pode passar a maior parte do tempo dormindo. O que importa é o barulho". Algumas pessoas fazem uso desta sabedoria, tendo em casa cães pequenos e latidores (como terriers) e grandes para meter medo. 

O primeiro uso consciente dos cães foi na vigia e na guarda. Na pré-história, o mundo era um lugar hostil. Muitos animais espreitavam os humanos como presas, e os acampamentos eram alvos fáceis. Um predador furtivo, que atacasse à noite, era muito perigoso. Os ataques de outros bandos também eram perigosos, seja por hostilidade entre as tribos, seja para roubar comida, mulheres e crianças. Os cães que ficavam perto dos acampamentos faziam barulho sempre que um predador ou bando de pessoas estranhas se aproximava. Ao tornar-se óbvio que os acampamentos ficavam mais seguros com a presença dos cães, estes passaram a ser tambem vigias e guardas, não apenas comedores de lixo.

É provavel que a primeira característica comportamental canina específica escolhida pelos humanos fosse a tendência a latir. A primeira domesticação de cães deve ter envolvido filhotes de lobo e chacal, e aqueles que eram melhor vigias, latindo ao menor sinal de perigo, tinham mais chance de ser conservados e cruzados por seus donos. 

Stanley Coren relacionou, junto com especialistas, adestradores e proprietários de cães, as quinze melhores raças de vigia, ou seja, aquelas que latem ao menor sinal de perigo (ou apenas para o gato no muro...):

1. Rottweiler
2. Pastor Alemão
3. Scottish Terrier
4. West Highland White Terrier
5. Schnauzer Miniatura
6. Yorkshire Terrier
7. Cairn Terrier
8. Chihuahua
9. Airedale Terrier
10. Poodle
11. Boston Terrier
12. Shih Tzu
13. Daschund
14. Soft Coated Weathen Terrier
15. Fox Terrier
  

Rottweiler, tido como o melhor vigia, e Fox Terrier (na versão pelo liso) ocupando a 15ª posição.

Segundo eles, estas raças são excitáveis e latem em presença de um intruso ou na maioria das situações que julgam fora do normal. Apesar deles julgarem que a maioria dos cães são razoavelmente vigilantes e dão o alarme na maioria das vezes, consideraram as doze raças com menos aptidão para latir dando o alarme, sendo inadequados para a tarefa de vigia:

1. Bloodhound
2. Terra Nova
3. São Bernardo
4. Bassethound
5. Bulldog Inglês
6. Old English Sheepdog
7. Clumber Spaniel
8. Irish Wolfhound
9. Scottish Deerhound
10. Pug
11. Husky Siberiano
12. Malamute do Alaska















Bloodhound (esquerda) e Malamute do Alaska (direita), entre as raças com menos aptidão para a vigilância

Estas raças são ótimas para quem quer um cão que não incomode os vizinhos.

Agora, falando dos cães de guarda. Sua função é intervir fisicamente se um intruso perturbar a propriedade, invadir imóveis ou atacar pessoas. O bom cão de guarda é naturalmente agressivo diante de estranhos que entrem em seu território e parece sempre suspeitar de quem não conhece. Também pode-se limitar a manter os intrusos acuados, latindo, rosnando e adotando uma postura obviamente agressiva.

Suas reações são deflagradas por algumas razões. A territorialidade é uma delas, e a mais comum. A maioria dos cães de guarda ameaçam fisicamente quem quer que esteja invadindo seu território. 

Os cães de ataque são cães de guarda que respondem a um comando, perseguindo e atacando qualquer pessoa apontada pelo adestrador. Por exemplo: os cães policiais são treinados para atacar em duas condições: quando seu parceiro humano está sendo ameaçado ou a um sinal deste. Cães de guarda naturais precisam de muito pouco treinamento: eles precisam sim de um treinamento de obediência, além de serem treinados para dirigir sua agressão a alvos apropriados. Ou seja, enquanto as habilidades de guarda fazem parte da inteligência instintiva, o controle destas habilidades exige um pouco de inteligência de trabalho e obediência.

Cães de guarda são falíveis e o maior problema é ensiná-los a diferenciar estranhos inócuos dos hostis. 

Stanley Coren e os mesmos especialistas classificaram os cães segundo sua habilidade como cães de guarda, baseando suas avaliações no temperamento, força física, coragem e resistência ao contra-ataque. Foram treze as raças escolhidas como as melhores guardiãs:

1. Bullmastiff
2. Dobermann
3. Rottweiler
4. Komondor
5. Puli
6. Schnauzer Gigante
7. Pastor Alemão
8. Rhodesian Ridgeback
9. Kuvasz
10. American Staffordshire Terrier
11. Chow Chow
12. Mastiff
13. Pastores Belga (Malinois, Groenendael, Lakenois e Tervueren) - não foram diferenciados como raça.









Bullmastiff, tida como a melhor raça de guarda

























Da esquerda para a direita: Pastor Belga Tervueren, Groenendael, Malinois e Lakenois, tidos como as raças que ocupam a 13ª posição dos cães de guarda mais eficazes

Estes especialistas citam o Poodle Standard como opção muito boa para guarda, porém seu aspecto físico não intimida. As pessoas o veem como cão de luxo, apesar de ser tão bom de briga quanto um Pastor Alemão. Disseram que, entre um Pastor Alemão fraco e um Poodle forte, as pessoas ainda tem mais medo do primeiro, por ser mais intimidador.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Treinando Dois Cães: É Possível? Parte II

Vamos à segunda parte desta série de como treinar dois cães.

O Básico
Antes de começar a treinar seus dois (ou mais) cães, reveja os comandos básicos com cada um deles separado: vem, senta, deita e fica. Se você quer que os dois fiquem parados juntos, pratique individualmente primeiro. Você quer que os dois cães respondam rapidinho ao que você pedir antes de colocar uma distração - e outro cão É uma distração.

Você não precisa de mais do que dez minutinhos para rever estes exercícios com cada cão. Mais que isso significa que um deles (ou os dois) ainda não estão prontos para o trabalho em equipe.

Se os dois querem trabalhar mas um deles ainda não está totalmente pronto (não entende direito o que queremos dele), existem dois jeitos de lidar com isso. Um é colocar o cão numa área cercada, como o crate ou outro cômodo da casa. O outro é deixar o cão no "deita-fica" enquanto você treina o primeiro cão. Este último não é muito recomendável, porque o "deita-fica" pode não estar assim tão consistente e seu peludo atrapalhar o desempenho do outro.

Vem
Mesmo que seus dois cães conheçam o comando e o acatam com facilidade, você deve ser bem rápida com o clique e a recompensa. Se for muito difícil, diga "Isso!" no lugar do clique.

1. Se afaste pouco dos dois cães e diga "Vem".
2. Quando eles se aproximarem, clique e recompense os dois ao mesmo tempo (por isso use e abuse do "Isso!" para que suas mãos estejam livres).

Se um dos cães chegar primeiro, dê-lhe a recompensa mas não clique ainda. Clique somente quando o outro cão chegar. Se um deles não vier de jeito nenhum, ele não está pronto para trabalhar em dupla. Pratique mais com ele sozinho por um tempo.

Repita o exercício e varie as distâncias. Você inclusive pode ir para outros cômodos da casa e chamá-los: é super divertido!

Senta - Fica
Este pode ser um pouco mais difícil que o primeiro, mas se os dois sabem fazê-los, será mais fácil. Sempre comece com um tempo curto, sem distrações e sem distância. Quando os cães fizerem direitinho juntos, você pode adicionar a distração (e diminuir o tempo de novo) e, depois, a distância (diminuindo o tempo e a distração).

1. Peça para os cães sentarem. Clique e recompense.
2. Peça para eles sentarem e espere (eu não falo "fica", tá? Eu só peço para sentar mesmo e a Suzie fica naquela posição até eu liberar).
3. Deixe eles sentados por alguns segundos (comece com poucos segundos, uns 2 tá de bom tamanho) e vá aumentando gradativamente, até uns 10 segundos. Clique e recompense a cada acerto, claro (2 segundos, 3 segundos, 4 segundos etc).
4. Quando eles já ficarem 10 segundos, aumente 5 segundos no tempo até chegar a um minuto.

Se os cães, ou um deles, sair da posição antes do tempo, significa que você deu um passo maior que a perna. Comece de novo e aumente o tempo de forma mais devagar (se 5 segundos de acréscimo for muito no começo, aumente só 2 segundos). Lembre-se: o treino deve ser muito legal e eles devem acertar praticamente sempre.

Aqui, você tem que usar o nome do cão pra diferenciar quem errou. Antes, você usava o "oops" sozinho. Você ainda pode usá-lo, mas precisa dizer o nome do cachorro antes (ex. Su, ops). Quando ele acertar, elogie-o "Suzie, aê!".

Quando eles ficarem sentados por um minuto, comece a se mover perto deles (distração) e diminua o tempo (nada de querer que eles fiquem sentados por um minuto enquanto você vira estrelas e faz cambalhotas pela sala). Só depois acrescente a distância, novamente diminuindo o tempo e retirando as distrações (aí, aumenta o tempo e acrescenta as distrações). Tudo deve ser fácil: quando dificultamos uma parte, facilitamos a outra. Os cães não são generalistas =)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 1

Depois de um post muio bacana no blog da Camilli, resolvi que iria publicar uma série de matérias falando sobre os tipos de inteligência canina. Sim, isso mesmo, os cães tem vários tipos de inteligência, não apenas a famosa "inteligência de trabalho ou de obediência", na qual os cães estão listados do mais inteligente ao menos inteligente.

Como o próprio autor do livro A Inteligência dos Cães diz, não se pode dizer que um cão é menos ou mais inteligente que outro com base em apenas um tipo de inteligência.

Vejamos no nosso caso: temos vários tipos de inteligência (linguística, espacial, lógica, interpessoal, intrapessoal etc) e, hoje em dia, não se pode mais declarar que a pessoa X é mais inteligente que a pessoa Y porque a primeira tem notas excelentes em matemática, enquanto a outra se dá bem em português. Todos são inteligentes, à sua maneira e na sua inteligência predominante. Assim são com os cães.

Variedades de Inteligência Canina
A relação homem-cão se origina do fato que os cães realizam funções para nós. Estas funções podem ser utilitária ou psicológica. As funções utilitárias mais comuns são a guarda (pessoal e de propriedades), caça, pastoreio, busca, resgate e no auxílio a deficientes. A função psicológica mais comum é a de fazer companhia. Nos últimos anos, esta função teve um papel mais formal, com os cães fazendo parte de uma terapia preventiva e curativa para os idosos, pessoas isoladas socialmente ou com distúrbios psicológicos. Vejam quantas aptidões diferentes buscamos nos cães! Algumas delas, como as de caça, busca e rastreamento, refletem aspectos de comportamento normais em todos os cães selvagens e seus descendentes e, portanto, são de natureza hereditária ou instintiva. Outras, como a de cão de serviço, envolvem treinamento prolongado.


A melhor maneira de avaliar o grau e natureza da inteligência canina é observar como ela se apresenta nas várias tarefas realizadas pelos cães, tanto para si mesmo quanto para os humanos. São três dimensões diferentes de inteligência manifesta (a inteligência mensurável total de um cão): inteligência adaptável, de trabalho (ou de obediência) e instintiva. 

Nesta primeira parte, darei uma pequena introdução de cada tipo de inteligência e, nas semanas seguintes, falarei mais a fundo sobre cada uma delas. 


Inteligência Adaptável
Quando falamos de inteligência, normalmente nos referimos a habilidades de aprendizagem e solução de problemas. A capacidade de aprendizagem é o número necessário de experiências para que alguém codifique algo na forma de memória relativamente permanente. Quem tem boa capacidade de aprenzigem necessita de poucas exposições a determinada situação para formar associação e lembranças utilizáveis. A resolução de problemas é a capacidade de vencer obstáculos mentalmente, juntar fragmentos de informação numa resposta correta ou descobrir novas formas de empregar a informação aprendida em situações novas. Quem é bom na resolução de problema precisa de menos tempo para chegar à solução e tem menos falsas tentativas e soluções inviáveis.


Estas capacidades configuram a inteligência adaptável. Um exemplo deste tipo de inteligência é seguir a pista da presa para o jantar ou cuidar dos filhotes. Se surgem problemas com frequência, suas soluções são armazenadas na memória (aprendidas), de modo que se possa gerar a melhor resposta, e mais rápido, ao defrontar-se com situações parecidas. Assim, a aprendizagem e a resolução de problemas interagem para tornar o comportamento mais eficiente.


Inteligência de Trabalho ou de Obediência
Quando pensamos em inteligência canina, pensamos em um cão super obediente e altamente treinado fazendo várias coisas que seu tutor pede. Quando o cão demonstra compreender o significado de determinadas ordens, reagindo de forma apropriada, ele demonstra um dos aspectos mais importantes da sua inteligência manifesta - importante porque, se os cães não reagissem ao controle e comando humano, não nos seriam úteis nem capazes de executar as tarefas pelas quais os estimamos. Como esses atributos de inteligência são demonstrados também nas competições de obediência, podemos dar seu nome de inteligência de obediência. Mas, como ela também é uma inteligência necessária para cumprir tarefas no mundo real, poderíamos chamá-la de inteligência de trabalho

Pode parecer lógico que um cão com inteligência adaptável alta tenha uma melhor inteligência de trabalho. Mas, muitos cães com inteligência adaptável alta parecem ser indiferentes às tentativas de lhes ensinarem exercícios de obediência; por outro lado, os que tem inteligência adaptável moderada, executam exercícios de obediência muito bem. 


Enquanto a inteligência adaptável mede o que o cão pode fazer por si mesmo, a inteligência de trabalho deve ser vista como medida do que o cão pode fazer pelos humanos. A inteligência de trabalho contém um componente social. Do ponto de vista humano, reflete respostas ao seu tutor; do ponto de vista canino, é a resposta ao líder da matilha. 


Inteligência Instintiva
É uma inteligência raramente considerada. Inclui todas as aptidões e comportamentos que fazem parte da programação genética. Nos cães, é responsável por grande parte de suas habilidades.

No começo da criação de cães, as pessoas se deram conta de que acasalando cães com traços comportamentais desejáveis específicos podiam desenvolver uma linhagem que carregava aqueles comportamentos em seus genes. Através deste acasalamento seletivo, configuramos o tamanho, tipo, cor e temperamento dos cães, além de selecionarmos certas características comportamentais.


As habilidades herdadas do cão, quer através de pessoas, quer através da seleção natural, viram características que determinam as diferenças entre as raças. Estas habilidades e predisposições comportamentais geneticamente determinadas constituem a inteligência instintiva do cão - aquilo que pode ser transmitido de geração a geração através dos mecanismos biológicos de herança. Alguns aspectos da inteligência instintiva podem ser bem específicos, como a tendência a latir ou a apanhar a caça; outros podem ser gerais e amplos e podem afetar o desempenho do cão quanto à resolução de problemas, obediência ou outros aspectos do comportamento. 


Misturando Mentes
Se os cães apresentam três diferentes tipos de inteligência, qual a mais importante ou a que domina o comportamento do cão? Estas formas de inteligência afetam uma à outra de algum jeito? É preciso um certo nível de inteligência adaptável para produzir uma inteligência de trabalho, mas um cão pobre em inteligência de trabalho não significa pobre em inteligência adaptável. A maneira como a inteligência instintiva interage com as outras é mais complexa. A maioria das raças tem alguma forma de inteligência instintiva que as torna especiais. Isso irá refletir num padrão particular de aptidões, habilidades, predisposições comportamentais e assim por diante. Mas alguns cães parecem mais dominados por suas inteligências instintivas que outros e, no caso de algumas raças, a inteligência instintiva não produz nenhuma aptidão relevante.

Por exemplo, o Dobermann e o Poodle não apresentam habilidades instintivas muito acentuadas que os diferenciem de outras raças. Ambos têm inteligência adaptável e de trabalho bem desenvolvidas mas, profissionais que treinaram Dobermanns para cuidar de ovelhas e Poodles para caçar ratos revelaram que os cães acharam a tarefa muito difícil. Mesmo se o treinamento é feito até o fim, é provável que o desempenho final não seja dos melhores. Os cães conseguirão fazer o trabalho, mas o desempenho nunca será excelente.


Um cão com inteligência instintiva forte e manifesta para certas aptidões, estará melhor entrosado nesse campo de atividade e talvez não se adaptará em ambientes diferentes onde aqueles comportamentos não são possíveis ou não são apreciados. Um cão que não possui aptidões instintivas notáveis pode ter inteligência adaptável melhor e, de acordo com sua personalidade e outros fatores, pode muito bem ser a opção em situações onde as tarefas que deverá realizar e os ambientes aos quais precisará se adaptar são complexos e variados.