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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Rosnar é bom? Sim!

Como assim, rosnar é bom?

Primeiro precisamos entender que os cães não são humanos: eles respondem às coisas de uma forma diferente de nós. Esperar que se comportem como humanos é injusto com eles. 

Imagine um cão roendo seu osso, o tutor chega perto, tenta tirar o osso, o cão rosna e é punido por isso. O que ensinamos ao cão quando fazemos isso? Com certeza tornamos o osso algo ainda mais valioso para ele, o que leva a um aumento da agressão no futuro, caso alguém tente retirar o osso dele de novo.

Outra coisa que ensinamos quando fazemos isso é que o cão não deve rosnar. Mas, por que isso é importante? Lembre: somos espécies diferentes! Os cães se comunicam de forma diferente de nós. Rosnar é algo bom, sim! É o jeito que os cães tem de se comunicarem conosco. Precisamos ouvir o que eles têm a nos dizer ao invés de reprimi-los. Por quê? Porque, se eliminamos a comunicação deles, aumentamos o risco de um desastre no futuro.  

Cães também usam muito a linguagem corporal quando se comunicam. Não apenas o rosnado, mas seu corpo fica tenso. O rosnado é quase sempre precedido da tensão do corpo e do olhar fixo. Estes são sinais não verbais. Um cão consegue percebê-los mas nós, humanos, no geral não conseguimos perceber estes sinais de alerta e acabamos forçando o cão, que então faz uso do aviso verbal, que é o rosnado. A linguagem corporal é o passo um do aviso. 

O passo dois pode ser ou um rosnado ou um simples mostrar os dentes. Veja que o cão tenta evitar uma briga! Ele lança mão de todos os meios antes de atacar. Agora, o que acontece se punimos um cão quando ele está neste ponto? Dependendo do cão, podemos ensiná-lo a não dar aviso algum e levamos uma mordida "do nada", porque não deixamos que ele nos dê o rosnado, que é o aviso mais perceptível para nós, humanos. 

Se continuarmos forçando o cão, ele passa para o passo três: a mordida em si. Pode ser apenas que ele avance e morda o ar. Mais um sinal para nos afastarmos. Se, ainda assim, ignorarmos mais este sinal, aí o cão ataca. Seja um humano, seja outro cão ou animal. Isso é muito comum de acontecer com crianças, que não vão entender nem mesmo o rosnado do cão, ou com adultos que querem "provar quem é que manda". A mordida pode ser grave, principalmente para as crianças, que são mordidas no rosto. 

Então, resumindo: se ensinamos ao nosso cão a não rosnar (punindo-o quando isso acontece), seremos mordidos. Ponto. O cão aprende que é melhor não avisar, afinal, ele é punido quando avisa. Então, ele passa da linguagem corporal para o ataque, de forma muito rápida. Se torna um cão imprevisível. 

O que fazer para evitar problemas assim então? Como fazer com que meu cão deixe eu retirar coisas da boca dele sem que ele rosne e eu o puna, piorando a situação no futuro?

Faça de tudo uma brincadeira. Seu cão está com um osso? Troque-o por petiscos que ele goste muito (um pedaço de queijo, frango, figado etc). Elogie-o por deixar você pegar o osso e sempre devolva o osso para ele. Assim ele vai entender que, quando você chega perto e ele está roendo algo gostoso, ele ganha coisas gostosas e, mesmo que perca o osso, não tem problema, porque você sempre devolve pra ele. Faça isso todos os dias, desde filhote, por uns 5 minutos. Assim você terá um cão que você pode retirar coisas de sua boca (e isso é muito importante, pois ele pode pegar algo perigoso para sua saúde e você vai precisar tirar dele). 

terça-feira, 26 de maio de 2015

A cartilha da alimentação crua

Antes de dar alimentação crua, eu alimentava a Suzie com ração. Adorava procurar a melhor no mercado, ler sua composição, pesquisar sobre elas. Seguia tudo à risca: quantidade correta, segundo o fabricante e acreditava que era a melhor alimentação, nutricionalmente balanceada e que traria a melhor saúde pra minha magrela. 

Mas o tempo foi passando, conversei como algumas pessoas que não ofertavam ração, mas sim a então nova alimentação natural. Mas não acreditava muito, confesso. Até que Suzie começou a ficar sempre doente: seja sofrendo de dermatite, de otite ou de problemas gastrointestinais. Até vermes ela pegou através de ração. O primeiro a me abrir os olhos foi o veterinário, que me indicou uma pessoa que fazia já pronta para vender (algo incrível para mim, que sou vegetariana e não queria mexer em carnes). Isso foi há quase cinco anos. Depois, eu também comecei a pensar "Pôxa, se eu me preocupo com a minha alimentação, dando preferência a alimentos naturais, por que dou um alimento industrializado e processado pra Suzie? Se isso não faz bem pra mim, com certeza pra ela também não.". Com o tempo fui pesquisando eu mesma sobre como formular a dieta dela em casa: sairia mais em conta e eu variaria os ingredientes. 

Hoje, tanto ela quanto Pistache comem alimentação crua, biologicamente apropriada, e a saúde deles é incrível. Há melhora na disposição, de pelagem, de saúde e emocional. Só vi benefícios.

Quando comecei não havia muitas informações disponíveis em português, então também pesquisava em sites internacionais e também achei livros muito bacanas sobre o assunto. 

Comecei meio que sozinha, com ajuda aqui e ali, tendo sorte dos veterinários que eu conversava serem favoráveis (apesar de não saberem prescrever) a mudança da alimentação. Sabendo que é um trabalho árduo, devido à falta de informações e, em alguns casos, até desencorajamento de terceiros, deixo aqui uma cartilha que encontrei nas minhas pesquisas, com tudo sobre a alimentação crua, mas de forma bem resumida. 

GUIA
Os pontos-chave são:

  • Varie sempre.
  • A proporção entre cálcio e fósforo deve ser de 1:1. Carnes são ricas em fósforo, ossos são ricos em cálcio. Presas inteiras, peixes e ovos tem a proporção balanceada. 
  • As vísceras não devem exceder os 15% da dieta. Não sirva fígado sempre, varie entre as vísceras (coração bovino e de frango, e moela são consideradas carnes). 
  • Se acostume a oferecer "carnes estranhas", como pés, cabeça, pescoço de frango e peru, traqueia, rabo, rim, testículos. Traqueia, pés de frango e peru são ricos em condroitina e glucosamina, que ajudam a ter articulações saudáveis.
  • Quando oferecer porco ou salmão, congele as carnes por pelo menos uma semana antes de oferecê-la (e prefira alimentar com salmão selvagem).
  • NUNCA ofereça ossos cozidos. Os ossos crus são digeridos facilmente pelos cães. Por segurança, supervisione sempre as refeições.
Sempre que possível, prefira carnes de animais criados soltos e sem hormônios e antibióticos. 

O QUE OFERECER
Uma preocupação comum quando mudamos da ração para a alimentação crua é que "ela não é completa nem balanceada". Não é verdade, por dois motivos. Primeiro, ninguém sabe ao certo o que é uma refeição completa e balanceada. Segundo, uma refeição balanceada acontece com o tempo: cada refeição não precisa ser completamente balanceada, desde que consigamos suprir as necessidades nutricionais dos cães a longo prazo. Você não calcula as porcentagens exatas de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais nas suas refeições, e não precisa fazer isso com os cães. Se você variar a alimentação, conseguirá o equilíbrio. 

Aqui em casa a maior parte da dieta é de ossos carnudos crus (60%), que incluem carcaça de frango, pescoço, asas, pescoço de peru. 

Ossos
Ossos longos não são considerados ossos carnudos crus e não devem ser oferecidos nem como ossos recreacionais. Ossos recreacionais interessantes são joelho de porco e bovino e pés de porco. Ofereça 1 a 2x na semana. Além de entreter por algumas horas, ajuda na limpeza dos dentes. 

Peixe
Os peixes podem ser oferecidos 1 ou 2x na semana, pois são fonte de ômega-3. Ofereça-os crus também. Há também a opção de suplementar o ômega-3 através de cápsulas de óleo de peixe. para cães com problemas articulares, a suplementação é fortemente recomendada. O óleo de linhaça também é fonte de ômega-3, mas os cães não são capazes de absorvê-lo tão bem quanto nós. 

Vísceras
Aqui em casa as vísceras fazem parte da dieta em uma pequena parte (15%). Podem ser de frango, porco ou bovina. 

Carnes
Também entram em 15% da dieta. Qualquer carne pode ser oferecida, entre elas coração. 

Ovos
Oferecidos crus e com casca (proporção perfeita de cálcio e fósforo), devem ser dados 2 ou mais vezes na semana. Talvez você tenha ouvido que a clara do ovo crua tem uma proteína que limita a biotina, e isso é verdade. Para evitar deficiências, ofereça junto com a gema. A gema, aliás, é a parte mais nutritiva: são excelente fonte de magnésio, cálcio, ferro, folato vitaminas A, E e B6. Prefira oferecer ovos orgânicos. 

Frutas e vegetais
São benéficos como suplementos. Os vegetais devem ser batidos no liquidificados. Os cães não conseguem obter todos os nutrientes dos vegetais se eles não forem batidos. Vegetais verde-escuros são ricos em vitamina B. Frutas maduras são mais facilmente digeridas e também contém vitaminas. Outros alimentos vegetais que são aliados da boa nutrição são salsinha, açafrão, gengibre e alho (em pequenas quantidades). Não oferecer carboidratos (batatas de nenhum tipo, inhame, cará etc). 

Grãos?
Na minha opinião, não são alimentos naturais para os cães, por isso, não fazem parte da dieta dos meus. Os cães conseguem digerir grãos, por isso às vezes os incluo no preparo de petiscos. Mesmo assim, prefiro não dar nenhum grão. 

QUANDO ALIMENTAR
Os meus comem duas vezes ao dia: café da manhã e janta. Filhotes devem ser alimentados de 3 a 4x ao dia. 

Não é um bicho de sete cabeças: depois de pouco tempo já adquirimos prática. Lembre-se de variar as carnes e animais oferecidos.

QUANTO OFERECER
Em geral, de 2 a 3% do peso corporal ideal do cão adulto (veja bem, IDEAL, não o peso atual). Se o cão for muito ativo, pode ser que ele precise de mais comida. Para saber se você está dando a quantidade ideal, avalie o escore corporal do cão. 

Escore corporal dos cães

Para filhotes, as porcentagens variam de acordo com a idade, mas sempre baseado no peso IDEAL:
Filhotes de 2 a 4 meses: 11% - 9%, 4x ao dia
Filhotes de 4 a 6 meses: 8% - 6%, 3x ao dia
Filhotes de 6 a 8 meses: 6% - 5%, 2x ao dia
Filhotes de 9 a 12 meses: 4% - 3%, 2x ao dia

Conclusão

De um modo geral, é fácil seguir as dicas. Com o tempo, você fica mais confortável com a nova dieta de seu cão e vê resultados na pelagem, dentes limpos e sem mau hálito, menos problemas de saúde.

O que escrevi aqui não é uma receita, mas dicas gerais. Além de ser o modo como escolhi alimentar meus cães. Se você for buscar mais informações sobre o assunto, verá que há muita coisa hoje e, como eu, terá sempre muito o que aprender. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Cães agitados: como lidar?

Meus cães não são muito agitados, estão mais pra calmos. Isso não quer dizer que sejam cães apáticos: se eu os convidar pra uma caminhada, corrida, brincadeira, treino, eles ficam bem animados e têm energia para acompanhar. Mas, quando em casa, ficam relaxados, dormindo, roendo ossos ou brinquedos.

Mas existem cães que parece que não "desligam", que estão sempre agitados. Para estes cães, dois ou três passeios de 40 minutos não adianta muita coisa: eles vão permanecer agitados e, se não tiverem nada para fazer, irão inventar algo (e quase sempre algo que não nos agrada): cavar, latir, destruir objetos e móveis etc. Cães assim precisam de muito mais exercícios.

As raças que mais se enquadram no quesito agitação são:

1. Border Collie
2. Husky Siberiano
3. Pastor Australiano
4. Retriever do Labrador
5. Jack Russell Terrier
6. Dálmata
7. Vizsla
8. Weimaraner
9. Staffordshire Bull Terrier
10. Golden Retriever
11. Pointer Inglês

Então, o que podemos fazer se temos um cão que é agitado e precisa de mais exercícios para se manter equilibrado?

1. Brincar de bolinha: retrievers, em geral, como Goldens e Labradores, adoram brincar de bolinha. Após um belo passeio, que tal uma brincadeira de bolinha? Junte a ela comandos simples, como senta, deita, fica, para também estimular sua mente. Exercícios mentais também cansam!

2. Agility: todos os cães gostam! Se não há uma escola de agility perto de você, improvise: bambolês, cabos de vassoura, uma cama elevada. Faça um mini circuito, ensine-o a passar por estes obstáculos. Há também a possibilidade de, nos passeios diários, fazer agility urbano: pular em bancos de praça, andar sobre muretas baixas, sentar em pedras, fazer "slalom" entre árvores próximas etc.

3. Cabo de guerra: é uma brincadeira muito bacana e cansa bastante o cão! Só tome cuidado para não machucá-lo erguendo-o do chão, girando-o. E deixe-o ganhar algumas vezes também. Assim como a brincadeira de bolinha, junte comandos simples.

4. Ensine novos comandos e truques: faça também os que ele já sabe, para mantê-lo "em forma".

5. Esconda brinquedos e petiscos pela casa: e estimule-o a procurá-los.

6. Ofereça Kongs e quebra-cabeças canino: eles mantém o cão ocupado por bastante tempo. No caso do Kong, se ele conseguir comer muito rápido o seu conteúdo, congele-o da noite para o dia e ofereça-o congelado: ele irá brincar por mais tempo.

7. Faça trilhas: passeios na natureza são excelentes e os cães adoram: há vários cheiros, subidas, descidas, água para se banhar... Se houver um local onde você possa soltar seu cão (desde que ele venha até você quando chamado e não for agressivo com pessoas e outros cães!), estimule-o a brincar, seja com bolinha, seja vindo até você ou com outros cães.

8. Passeador: procure passeadores confiáveis para poder sair com seu cão por cerca de 1 hora quando você não puder fazê-lo. Normalmente eles também ensinam algo a seu cão, então, procure aqueles que não usem de punições físicas nem psicológicas.

9. Creche: excelente opção porque também proporciona socialização dos cães. Nas creches, desde que confiáveis, os cães passam o dia intercalando atividades e momentos de descanso.

Antes de adotar um cão que seja bem ativo, se pergunte se é o momento certo, se você terá o tempo necessário para suprir as necessidades físicas e mentais deste cão. Estes cães precisam de um comprometimento extra de seus tutores. Além disso, quando filhotes, requerem ainda mais exercícios e treinos. Se você estiver preparado, estes cães serão ótimos companheiros de aventuras!

terça-feira, 5 de maio de 2015

Seu cão não precisa ser sociável com todos

Não é todo cão que gosta ou fica confortável na presença de outros cães ou pessoas. Para nós é fácil termos expectativas quanto a como nosso cão deveria ser, o que ele deveria gostar e o que o faria feliz. Mas quando não levamos em consideração nossos cães como indivíduos com personalidades, limitações, preferências e comportamentos distintos, fazemos um belo desserviço a eles, colocando-os em risco (ou a terceiros).

Imagine um cão que se sinta desconfortável e inseguro com outros cães e seu tutor o leva para passar o dia em um day care? Provavelmente ele irá brigar com outros cães devido à essa insegurança. Imagine um cão que se sinta desconfortável e inseguro com pessoas desconhecidas e seu tutor acha que ele deve ser um ótimo anfitrião durante uma festa dada em casa. Este cão ficará tenso, pode rosnar e até morder alguém que se aproximar demais. Imagine um cão tímido passeando com seu tutor, que deixa que pessoas estranhas façam carinho nele, sem se importar com seu medo, demonstrado através do olhar e do corpo tenso, pronto para lutar ou fugir.

Estas são situações muito comuns, que muitos cães enfrentam todos os dias. Geralmente porque as pessoas acham que seu cães devem gostar de outros cães e pessoas, que ele precisam dessa interação e, algumas vezes, simplesmente porque as pessoas não sabem direito. Nós, como tutores, temos o dever de protegê-los, entender e priorizar o que é melhor para eles ao invés de pensarmos apenas em nossos interesses ou crenças. Precisamos ser honestos com nós mesmos sobre o nosso cão como indivíduo, quais suas limitações e o que o ajudam ou lhe faz mal.

Não é vergonha alguma eu dizer que o Pistache não se sente confortável com pessoas desconhecidas por perto e evitar colocá-lo em situações que o amedrontem; ou que a Suzie não fica confortável com muitos cães juntos, e também evito colocá-la em estas situações. Afinal, pode acontecer algo, seja com eles, seja com terceiros, quando não respeitamos os medos e inseguranças deles. Nossa responsabilidade é com o bem-estar de nossos cães, físico e mental, e não com os os outros que não os conhecem como nós. A segurança e conforto deles vêm em primeiro lugar.

Se outros pressionarem, porque querem fazer carinho no seu cão que é lindo, mas tem medo de pessoas, não ceda a eles: permaneça fiel às suas escolhas e ao seu cão.

Claro que sempre queremos melhorar nossos cães e sua habilidade de lidar com o mundo e prosperar nele (e devemos socializá-lo sempre, sim, desde filhotes!), mas também precisamos balancear este desejo com a realidade. Seja realista e justo com seu cão. Não o coloque em situações que o pressionem, deixando-o terrivelmente desconfortável e até mesmo colocando-o em risco ao tomar uma decisão ruim. Entenda as limitações dele e honre-as. Acima de tudo, dê a você e seu cão a permissão de fazer o que for melhor para os dois, independentemente do que os outros digam.

Seu cão é um indivíduo: trate-o como tal.