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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nada na vida é de graça (programa NILIF)

Costumo dizer aos pais/mães de meus alunos que usem o programa NILIF com seus cães, para que eles se tornem mais educados e mais fáceis de conviver no dia-a-dia.

Mas, o que é esse programa? Vamos chegar lá. Primeiro, imagine o seguinte: você está relaxando no sofá e seu cão te cutuca querendo carinho. Você o ignora, ele joga a bolinha no seu colo. Você o ignora mais uma vez e ele, persistente como é, sobe no seu colo. Você, já irritado, joga a bolinha pra ele. Pronto! Seu cão acaba de te treinar!

Melhor seria o inverso, não acha?

Por isso eu falo do NILIF (Nada na vida é de graça), mas deixo claro que não é uma pílula mágica que soluciona todo e qualquer problema de comportamento. Ao invés disso, é um modo de vida, que ajudará seu cão a se comportar melhor, aceitando e confiando em você, além de conhecer os limites da família.

O que é?
Você tem os recursos - comida, petiscos, brinquedos, passeios, atenção. Seu cão os quer. Faça com que ele os mereça. Essa é a base do programa. Quando o cão faz o que você pediu, é recompensado com o que quer.

- Como praticar?
1. Primeiro, trabalhe com reforço positivo e ensine seu cão a fazer alguns truques (ou chame alguém para lhe ensinar). "Senta", "deita", "vem" e "fica" são comandos úteis. Truques legais são "dá a pata", "rola", "high five".

2. Não desperdice seus recursos! Você dá carinho, brinquedo, petisco ao seu cão sem motivo? Então, pare. Sua atenção é algo valioso para o cão. Faça com que ele a ganhe.

Suzie pedindo "por favor" para ganhar o
tão desejado petisco
3. Quando seu cão já souber alguns comandos, comece a praticar o NILIF. Antes de dar qualquer coisa ao cão, ele deve fazer algo que lhe foi ensinado. Por exemplo:
    - Para colocar a guia e passear, peça para ele se sentar para que você a coloque;
    - Antes de oferecer a comida, peça para ele sentar e ficar até que o pote esteja no chão (mas eu, particularmente, instruo pais e mães de alunos a não dar mais comida no potinho, e sim em briquedos inteligentes - falarei disso em um próximo post);
    - Ao brincar com o cão, peça para ele dar a pata, rolar antes de recomeçar a brincadeira;
    - Faça carinho no cão enquanto assiste TV, mas peça para que ele deite e role antes.

4. Assim que você pedir que seu cão faça alguma coisa, não lhe dê o que ele quer até que ele o faça. Se ele se recusar a fazer, não desista. Seja paciente e lembre-se de que uma hora ele vai fazer o que lhe foi pedido (desde que ele já saiba o que o comando significa!).

5. Certifique-se de ele sabe o comando direitinho e entenda o que você quer dele antes de começar a praticar este programa!

Benefícios

Pedir que seu cão trabalhe para ganhar tudo o que ele queira é uma maneira segura, positiva e amigável de se estabelecer como o líder (no sentido de ser aquele que estabelece as regras da casa, detém os recursos e têm uma ligação de afeto e proteção com o cão, não confundir com aquele que só manda e está sempre tenso, punindo).

Mesmo se seu cão nunca demonstrou um comportamento agressivo, como rosnar, ele ainda pode manipular você, como no exemplo acima. Este programa lembra ao cão, de uma forma bacana, que ele também precisa seguir certas regras. Cães medrosos podem se tornar mais confiantes quando aprendem comandos! Sempre que aprende um novo truque, ele fica mais confiante e se sente mais confortável e menos estressado (além de ser uma forma de enriquecimento mental).

Porque funciona

Os cães querem as coisas. Se a única maneira de conseguir é ouvir você, ele ouvirá.

Ser um pai/mãe responsável encoraja o bom comportamento, dando ao cão a orientação e limites que o cão precisa.

Ao praticar este programa, comunicamos ao nosso cão, de uma forma gentil e eficaz, que você é seu pai/mãe porque você é quem tem tudo o que ele quer.

sábado, 17 de agosto de 2013

Obesidade em cães e gatos

Cão e gato (bem) acima do peso
Já falei sobre obesidade aqui, mas, por ser uma doença cada vez mais comum nos nossos pets, não custa nada relembrar!

Assim como as pessoas, os animais também estão ficando mais pesados, principalmente se não se exercitam adequadamente e/ou recebem alimentos inadequados. Tais alimentos não têm índices adequados de proteínas, vitaminas, enzimas e outros nutrientes essenciais, mas são ricos em gorduras. O mesmo acontece quando se dá alimentos industrializados de qualidade inferior.

Em alguns animais, o problema pode ser por causa de um distúrbio no metabolismo, que causa uma fome incontrolável e excessiva, difícil de lidar. Além de um programa para perda de peso, estes animais também precisam de tratamento específico para corrigir este “defeito”. De qualquer forma, é importante que essa gordura em excesso saia de seu animal, porque ela força o coração dele, deixa a circulação mais lenta, causa complicações de outras doenças e diminui a expectativa de vida.

Para o Dr. Pitcairn, o programa para perda de peso tem três princípios básicos:

  1. Amentar o nível de atividade. Leve seu cão para caminhadas diárias, corridas, brinque com ele. Brinque com seu gato. A atividade física aumenta o metabolismo, queimando calorias mais rapidamente.
  2. Resista à tentação de dar petiscos extras para o cão. Se ele estiver pedindo comida, dê petiscos pouco engordativos, como maçãs, cenouras, outros vegetais, pipoca sem sal e óleo e ossos crus.
  3. Alimente-o com uma dieta rica em fibras, pobre em gordura e nutritiva, que proporcione 2/3 das calorias necessárias para manter seu cão/gato no peso ideal.


Este médico veterinário dá ênfase em uma dieta natural, equilibrada, com suplementos naturais (iogurte, levedo de cerveja, óleo de peixe, óleo vegetal, alho), preferencialmente crua, com ossos carnudos crus, carnes, vísceras, ovos, vegetais, por ser mais palatável e mais rica em nutrientes que uma dieta industrializada para perda de peso, que promove também um pouco a perda da saúde.

Quer saber a quantas anda a condição física de seu cão ou gato? Clique na imagem abaixo para ampliá-la e examine seu melhor amigo. Se ele estiver acima do peso, converse com o médico veterinário e, juntos, façam uma dieta para redução de peso, de preferência com alimentos naturais. 

Escore de condição corporal de cães e gatos
 Fonte: livro "Dr. Pitcairn's New Complete Guide to Natural Health for Dogs and Cats"

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Educar de forma positiva: mais um motivo para usá-la

Eu sempre defendi e usei reforço positivo para ensinar qualquer coisa e resolver problemas comportamentais nos cães. Recentemente, li um artigo que diz que os métodos de educação positiva estão associadas com menos problemas comportamentais nos cães!

Foi feita uma pesquisa, com 53 tutores e seus cães, na qual os pesquisadores descobriram que os cães de tutores que usavam métodos punitivos de educação (como trancos na guia, gritos, chutes etc) eram mais medrosos em novas situações e menos interessados em brincar do que os cães cujos tutores usavam métodos positivos (reforço positivo!) na sua educação!

Para quem quiser ler o resumo e pagar para ler o estudo completo, segue o link: Training Methods and Owner-Dog Interactions: Links With Dog Behaviour and Learning Ability

domingo, 7 de julho de 2013

Mas meu cachorro sabe o que fez! Será?

A maioria das pessoas tem certeza que os cães sabem, sim, que fizeram algo de errado. Isto porque, quando chegam em casa, seus cães os recebem não com aquela alegria, rabo abanando, pulos e lambidas, mas, sim, com o corpo abaixado, rabo entre as pernas e o famoso “olhar de culpa”. Então, ao dar uma olhada rápida no ambiente, voilá! Tapete mastigado, sofá destruído, livros rasgados. O dono, achando que o cão já sabe que aprontou, dá uma bela bronca. Mas, longe de melhorar a situação, esta só piora e o quadro de destruição aumenta a cada saída. E aí?

Vamos analisar o caso da bronca, que é a resposta comum da maioria das pessoas. O que a punição faz é “ativar” uma sequência do condicionamento clássico:
visão do dono + itens destruídos → dor da punição → medo
O que isso significa? Que, da próxima vez que o dono chegar em casa e todos os componentes estiverem na cena (a visão do dono e bagunça no chão), o cão mostrará o medo condicionado. É o medo que faz o cão recepcionar o dono desta maneira, e não a culpa.

A verdade é que os cães não têm senso de moral, do que é certo e errado. Certo e errado são conceitos que nós, humanos, temos, por termos sido criados em uma cultura que define estas regras. Alexandra Horowitz, autora do livro “Inside of a Dog” (A Cabeça do Cachorro, em português), fez um experimento com cães para determinar se eles realmente se sentem culpados. O dono mostraria um petisco ao cão, não o deixaria pegá-lo mas deixaria ao alcance do cão. Logo depois, o dono sai da sala. Quem permanece na sala: cão, petisco e uma câmera. O cão tem a chance de fazer o que é errado! Nos experimentos acontecia uma das três coisas: o cão pegava o petisco; o pesquisador dava o petisco ao cão; o pesquisador tirava o petisco da sala. Na maioria das vezes, com a volta do dono à sala, o cão aparentava se sentir culpado, tendo ou não comido o petisco! E os cães que eram repreendidos eram os que mais demonstravam os sinais de “culpado”. Ou seja: o cão associa o dono com a punição, não o ato.

Como? O cão antecipa a punição, como explicado anteriormente, pois eles associam rapidamente os eventos. Exemplo: o cão chora e ganha atenção do dono. O que ele faz para ganhar mais atenção? Chora mais ainda. Na mente do cão, destruir os objetos da casa faz com que o dono apareça, mesmo que isso demore, que é seguida da punição. A mera presença do dono é o bastante para convencer o cão de que será punido. A chegada do dono está ligada à punição, muito mais do que a bagunça na casa.

Não puna seu cão: ele não sabe o motivo de você estar tao bravo com ele (afinal, ele destruiu as coisas há muito tempo atrás). Ao invés disso, limpe a sujeira sem demonstrar irritação e, antes de sair de casa da próxima vez, passeie com seu cão, faça enriquecimento ambiental, ofereça a comida em brinquedos dispensadores de comida. Um cão que tem o que fazer física e mentalmente dificilmente apronta.

Para saber mais:
  • How Dog's Think – Stanley Coren
  • Inside of a Dog – Alexandra Horowitz

quinta-feira, 21 de março de 2013

Agressividade por posse

Depois de algum (bom) tempo sem escrever para o blog, por me dedicar a um assunto particular muito importante (veja aqui), estou de volta, ao menos quinzenalmente, trazendo novidades e textos bacanas para postar aqui. E, em breve, também voltarei a educar os nossos melhores amigos de patas!

Então, vamos ao texto?!


AGRESSIVIDADE POR POSSESSIVIDADE
Texto de Fúlvia Zepilho de Andrade

Uma das muitas dúvidas e preocupações de quem cuida de cães é: como prevenir a agressividade por possessividade, seja de brinquedo, comida, pessoa ou lugar?

Antes de mais nada, temos que ter em mente que este é um comportamento natural dos cães: eles guardam o que é deles, não gostam de dividir. Assim como nós temos um livro predileto que não emprestamos para ninguém, os cães também tem suas coisas favoritas que não querem dividir com outros cães ou seus donos. Mas, mesmo sendo algo natural, não quer dizer que devamos deixar pra lá e não fazer nada a respeito. Então, como prevenir?

No começo, dê comida para o filhote na sua mão. Assim ele associa sua mão a comida. Aos poucos, coloque o pratinho de comida dele no chão e coloque uma pequena parte da comida. Fique por perto e, quando acabar, coloque mais um pouco. Mexa no filhote, mexa na comida também, tire o prato, devolva o prato. Enquanto ele estiver comendo, coloque petiscos maravilhosos, como queijo ou pedacinhos de fígado.

Dessa forma o filhote irá associar a sua presença com algo bom! Mesmo que você tire o prato dele, você o devolve.

Faça o mesmo com brinquedos, petiscos (ossos principalmente), sempre começando com um brinquedo/petisco que ele não tenha muito interesse e trocando por algo que ele tenha mais interesse.

Quando o filhote já estiver tranquilo quanto a você fazer tudo isso, pode pedir para outras pessoas fazerem o mesmo, desde o começo (é o que chamamos de generalizar). Senão, ele só deixará que VOCÊ faça isso, e mais ninguém, o que pode ser perigoso.

Se seu filhote já demonstra agressividade por posse, segue abaixo o link de um vídeo que mostra o que deve ser feito (e lembre-se de NUNCA punir seu cão por rosnar – isto é aviso. Se for punido por isso, não irá mais rosnar, mas poderá atacar sem dar nenhum aviso). Agora, se o caso for muito grave, peça ajuda profissional para evitar acidentes!

Aqui um vídeo muito bem feito, mostrando o trabalho da Claudia Pereira Estanislau com uma filhote de Golden de 11 semanas que demonstrava agressividade por posse.