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sábado, 25 de abril de 2020

Entendendo o Cão - Parte 2

Hoje quero dar seguimento à série sobre como entender de verdade os nossos cães. Vou falar um pouquinho do segundo capítulo, que mostra algumas coisas que achamos que estão certas mas que não fazem muito sentido quando se trata do cão real.

O Cão Mítico

Existem muitos mitos que não só interferem na nossa relação com os cães, mas também acabam os

prejudicando. O modo como pensamos sobre o que é o cão afeta o modo 




















como  


















tratamos ele.



O mito da dominância

Dizemos que o cão é “dominante” para justificar os comportamentos dele. Usar este
termo não é útil por vários motivos, incluindo:


a palavra “dominância” tem siginificados diferentes para cada pessoa;

rotular não resolve problema. Ao dizer “ele expressa dominância quando pula nas 

 pessoas” não diminui o comportamento de pular nos outros;

rotular o cão como dominante afeta o modo como o vemos e o tratamos.

Normalmente justifica o uso da força e de métodos aversivos na “educação”. A ideia é

que, se o cão é dominante, então precisamos “dominá-lo”;

rotular um cão de dominante coloca a culpa do comportamento nele ao invés de fazer

com que a gente procure educá-lo e ensinar comportamentos adequados;

rotular um cão de dominante presume que sabemos os motivos do cão. Mas, se é

impossível a gente saber o que motiva um outro ser humano, como podemos saber o

que motiva um cão?;

não tem utilidade alguma. Dizer “meu cão é dominante” não traz informação alguma.

Para ilustrar este último ponto, veja as afirmações abaixo:

1) “Meu cão é dominante nos passeios”. Isso não traz informação alguma;

2) “Enquando passeia, meu cão passa a latir para outros cães que estejam a 30 metros

de distância dele. Avança quando eles estão a 15 metros de distância e rosnam quando

estão a 7 metros de distância”. Esta afirmação é baseada em observações e oferecem

informações sobre o comportamento deste cão. Isso nos ajuda a solucionar o problema.



Cães são animais de matilha?

Na natureza os cães não formam o que vemos como uma matilha. Eles formam o que o
Dr. Ian Dunbar chama “associações transitórias”. Ou seja, eles podem se unir quando

há uma fêmea no cio ou comida, mas depois cada um vai para o seu canto.



Lobos # Cães # Humanos

Existem também uma ideia de que se você simular o que o “lobo ou cão alfa” faz, seu

cão o reconhecerá como líder. Para piorar, muitas dessas simulações são baseadas em

eventos que não ocorrem na natureza, mas em más interpretações deles.


Considerando que o medo é a causa mais comum das agressões, não deveria ser
surpresa que táticas como deitar o cão de lado (alpha roll) são causas frequentes de



mordidas. 











































































Sujeitar o cão a isso não indica liderança, mas comunica a ele que você é uma 














































































a

ameaça!








Há muitas décadas não havia muita informação sobre como os animais aprendem e

não fazíamos ideia de como ameaçar os cães era péssimo. Agora temos muito

conhecimento ao nosso alcance. Adestradores e outros profissionais da área tem a

responsabilidade de informar sobre métodos baseados em evidências para educar cães

e outros animais. Os donos, por sua vez, têm o dever de tomar decisões a favor dos seus 
















cães.



A luta pelo poder que existe na nossa mente
Quando nossos cães não fazem o que queremos que eles façam, não é porque falhamos

em nos estabelecer como “líderes”. É por conta do nosso pouco entendimento sobre

cães, comunicação e timing pobres e inconsistência. Para controlar o cão, controle o
que o motiva: comida, brinquedos, carinho, atenção, acesso a outros cães etc. Mas
estude sobre como os cães de verdade aprendem, não os míticos.