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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 4

Vamos agora à terceira parte da Inteligência Instintiva (tem ainda mais partes... esta série vai longe, mas é muito legal para quem curte uma boa história da cinofilia).

Inteligência Instintiva (parte III)
Cães de Pastoreio
Este é um dos seus usos mais permanentes. Até mesmo em países onde os cães são considerados impuros, as pessoas reconhecem que eles são úteis na lida com os animais de fazenda. Alguns cães, como Komondor e Kuvasz, são usados apenas para a guarda dos rebanhos. Mas o uso mais comum é para manter rebanhos de ovelhas, gado ou gansos juntos (claro, além de outros animais) e conduzi-los para locais específicos.


Kuvasz fazendo a guarda de um rebanho

Border Collie ajudando na lida com ovelhas

Os cães herdaram sua aptidão para o pastoreio dos lobos e outros canídeos selvagens que caçam em latilhas. A matilha procura manter junto um grupo de presas em potencial, conduzindo-as a um local específico, e ali separar o animal escolhido para o abate.

Lobos caçando um bisão

Cães caçadores caçando um gnu 

Estes comportamentos de caça se baseiam em cinco instruções geneticamente programadas. As duas primeiras tem a ver com a localização em torno da presa escolhida: a nº 1 diz que uma vez que a presa é avistada, cada lobo se aproximará dela até mais ou menos a mesma distância. A nº 2 diz que cada lobo ficará equidistante dos parceiros à sua direita e esquerda. A implementação destas instruções produz o padrão de certo aparentemente elegante e complexo, com a matilha formando um círculo quase perfeito que se fecha continuamente durante a caçada.

Desde filhote os cães pastores tentam pastorear qualquer coisa que se mexa, de folhas a crianças. O problema para o cão sozinho é que ele tentará fazer o trabalho de uma dúzia de lobos. Primeiro, ele decide qual a distância adequada que a alcateia deve manter do rebanho. A seguir, corre em redor para ocupar os postos que normalmente seriam preenchidos pelos companheiros de caçada. Ao ir de posto em posto, ele cerca o rebanho num amplo movimento de arrumação. Essa corrida em curvas, com pausas, leva as ovelhas a se agruparem e, assim, o rebanho fica junto.

A terceira instrução genética é a emboscada. Quando a alcateia caça, um lobo separa-se dos outros e se esconde para não ser visto pela presa. Agachado, ele espera enquanto os outros lobos conduzem o rebanho lentamente, aproximando-se de onde ele está.  Por isso os cães pastores correm e depois se agacham no chão e ficam olhando as ovelhas fixamente. O olhar do cão parece hipnotizar qualquer ovelha que queira se afastar do rebanho e tende a mantê-las em suas posições.

O olhar penetrante do Border Collie

A quarta programação é responsável pela condução do rebanho. Os lobos manejam rebanhos de bisões, antílopes ou cervos, fazendo-os entrar em áreas onde os movimentos do rebanho serão limitados pelascaracterísticas do terreno, como morros ou cursos d'água. Quando as rotas de escape ficam interditadas, é mais fácil separar e isolar os indivíduos. Os lobos realizam este trabalho investindo frontalmente contra os animais, que correm em sentido contrário. O rumo dos animais pode ser alterado também por meio de mordiscadas em seus calcanhares e flancos. Alguns cães pastores usam o mesmo procediento para controlar os animais do rebanho.

Australian Kelpie mordiscando o calcanhar de uma vaca

A última instrução tem a ver com a organização social adotada pelos lobos naturalmente. O líder inicia e coordena os movimentos da alcateia, e os outros lobos o observam com cuidado e seguem sua liderança. No caso, o homem ensina ao cão pastor diversos comandos, coordenando o pastoreio. Alguns comandos básicos aprendidos pelos cães pastores:

Vem - o cão vai até o pastor.

Pare - o cão para o que estiver fazendo.

Vá para a esquerda (ou direita) - o cão se move na direção indicada, sendo que os movimentos guardam relação com a posição do rebanho.

Cercar à esquerda (ou direita) - o cão deve iniciar a manobra de cerco.

Deita - deflagra a posição na qual o cão se deita e olha para o rebanho.

Perto - o cão se aproxima do rebanho.

Devagar ou Rápido - são comandos usados para controlar a velocidade ou vigor de qualquer atividade que o cão esteja realizando no momento.

Chega - é a deixa para o cão largar o rebanho e voltar ao lado do pastor.

Estes comandos podem ser dados oralmente, por gestos ou apito, ou uma combinação destes.

Algumas raças possuem uma inteligência instintiva que lhes dá condições de se sobressair em determinados sistemas de pastoreio ou certos tipos de animais. Collies, Pastores de Shetland e Border Collies são cães de pastoreio de ovelhas excepcionalmente eficientes e brilhantes.

Pastor de Shetland pastoreando ovelhas

Os Pastores Belga (Malinois, Tervueren, Groenedael e Lakenois), Pastores Alemães, Bearded Collies e Briard são eficientes animais de pastoreio grandes o bastante para também dar proteção contra predadores.

Briard com o rebanho. Dupla função: pastoreio e protetor de rebanhos

Os Welsh Corgis, tanto o Cardigan quanto o Pembroke, foram criados bem baixinhos para que quando mordessem as patas das reses para fazê-las andar, e estas, irritadas, reagissem com coices, os cascos passassem por cima das cabeças dos cães, deixando-os ilesos.

Welsh Corgi Pembroke em ação

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