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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Depois das férias...

As mudanças afetam não somente nós, humanos, mas também os nossos cães. Não somente as mudanças de endereço, mas as mudanças de rotina também. Por isso é sempre importante que, ao acontecer algo que mude a rotina do cão num futuro próximo (como a chegada de um bebê, dono que se casa, divórcio etc), façamos a mudança gradativamente com o cão, para que, na hora H, ele não sofra tanto.

Hoje vou falar de uma mudança que ocorreu somente este ano aqui em casa: a volta à aulas. Letícia, nossa filha mais velha, começou a frequentar a escola este ano. No começo do ano, fui adaptando a Suzie a ficar mais comigo e menos com a Letícia; quando a Lê começou a ir à escola, eu levava a Suzie junto para ela ver a irmãzinha entrar em outro local. Isso a tranquilizou (nos dias que eu não a levava, logo no começo - normalmente devido à chuva -, ela ficava em casa deitada na cama da Letícia até que ela voltasse da escola).

Quando a Letícia entrou em férias, foi aquela farra. As duas brincavam juntas, ficavam no sofá juntas, enfim, passavam boa parte do tempo juntas. Mas eu sabia que isso um dia iria acabar: afinal, as aulas voltariam e, com elas, a antiga rotina de ficar a manhã sem a maninha. Então, alguns dias pela manhã eu saía só com a Letícia: íamos na biblioteca; brincar na praça; feira... Fui tentando tornar a mudança algo mais fácil pra Suzie (pra Letícia não foi, ela voltou chorando pra escola, mas hoje já está normal, feliz de ir).

Mesmo assim, a Suzie sentiu a mudança da rotina e, com a volta às aulas da Letícia, ficou mais tristonha. E eu não tenho mais levado ela junto na escola, por um motivo muito simples: daqui algumas semanas não terei condições de levar todo mundo caminhando pra escola: Letícia, Suzie, Laura e mochila... risos. Então essa é uma mudança que eu precisava fazer agora, pra não ser um choque depois (e as duas sentiram essa mudança, já que a Letícia até hoje reclama que eu não levo mais a Suzie junto).

Mas então, o que fazer quando o cão sente a volta dos irmãos humanos à escola? Como disse anteriormente, faça as adaptações na rotina ainda nas férias escolares: o cachorro vai passar a manhã sozinho? Então comece a deixá-lo só por algumas horas. Nestas horas, não deixe seu cão entediado, sem ter o que fazer: dê uma atividade a ele! Ofereça brinquedos como quebra-cabeças, Kong recheado, um osso diferente. Enriquecimento ambiental! E não somente quando ele for ficar sozinho: senão ele associará tudo isso a ficar sozinho e pode até desenvolver ansiedade de separação. Faça isso também enquanto estiver em casa, vendo um filme com seus filhos, por exemplo.

E que tal fazer alguma atividade com seu cão, se você tiver tempo, enquanto os filhos estão na escola? Aula de obediência em grupo (ou você mesmo ensinar algo novo, se dedicar uma horinha por dia ao seu cão), agility... Ou mesmo uma caminhada mais longa, só você e seu peludo. As aulas darão um estímulo mental ao cão, o que é ótimo!

O uso de florais, aliado ao trabalho comportamental (somente os florais não irão ajudar!), facilitarão ao cão se adaptar às mudanças sem muito estresse. E, se ele já apresenta sinais de ansiedade (destruir as coisas em casa, latidos excessivos, urinar/defecar em locais incorretos), conte com a ajuda de um profissional capacitado para que ajude-os o quanto antes.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Meu filhote só quer saber de morder, e agora?

Essa semana respondi a uma dúvida de leitor no site da querida amiga Ana Corina, do Mãe de Cachorro.

Para ler na íntegra o motivo das mordidas dos filhotes, clique aqui. E aproveite e leia todo o site, que tem muitas informações úteis!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Jornada

Entre os vários livros que leio para estudar, me deparei com estes parágrafos que achei maravilhosos e gostaria de compartilhar aqui algumas partes, que achei simplesmente o máximo. Espero que, como eu, vocês também gostem.



A Jornada

Quando você resolve dividir sua vida com um cão, começa uma jornada incrível - uma jornada que lhe trará tanto amor e devoção como você nunca imaginou, além também de testar sua força e coragem.

Se você permitir, a jornada lhe ensinará muitas coisas sobre a vida, sobre você mesmo e, acima de tudo, sobre relacionamentos. Você mudará, pois uma alma não pode tocar outra sem deixar sua marca.

No caminho, você aprenderá a aproveitar os prazeres simples da vida - deitar ao sol, correr na grama, um carinho. Claro que haverá momentos bons e ruins durante esta jornada.

Se verá fazendo coisas bobas, que seus amigos que não tem um cão não entenderão. Coisas como ficar meia hora procurando a melhor comida para seu cão; comprar petiscos para ele no aniversário ou dar mais uma volta no quarteirão porque ele está adorando o passeio. Você não se importa de brincar com o filhote de roupão pela casa. 

Sua casa ficará um pouco mais suja e cheia de pelos. Vai vestir menos roupas pretas e comprar mais rolos para retirar pelos. Encontrará petiscos nos bolsos das suas roupas. Precisa explicar que aquela garrafa pet ou caixa de papelão viraram enfeites na sua sala porque são brinquedos que seu cão simplesmente ama.

Aprenderá o que é o amor verdadeiro, aquele que diz "não importa onde estivermos ou o que faremos, ou como a vida nos trata, desde que estejamos juntos". Respeite isso. É o presente mais precioso que qualquer ser vivo pode dar a outro. E você não o encontrará tão facilmente entre a raça humana.

E você aprenderá humildade. O olhar dos cães podem nos fazer sentir envergonhados. Tanto amor e alegria com nossa simples presença. Estes olhos que não veem defeitos em nós, que podemos ser teimosos e até mesmo rudes: veem apenas um ótimo companheiro. Ou, talvez, eles veem tais defeitos mas os rejeitam, como se fossem apenas nossas meras fraquezas, que não importam para eles, e escolhem nos amar do mesmo jeito.

Se você prestar atenção e aprender direitinho, quando a jornada acabar você não será apenas uma pessoa melhor, mas a pessoa que seu cão sempre soube que você seria: aquele que ele tem orgulho de chamar de melhor amigo.



Fonte: Livro "Changing People, Changing Dogs - positive solution for difficult dogs" de Dee Ganley

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Punição Positiva: porque eu não a uso

A punição positiva nada mais é que aquela onde fazemos algo que incomoda, assusta (ou machuca) o cão. O tranco na guia é um exemplo clássico. Eu não acredito que seja algo útil quando estamos educando um cão, pois ela faz com que o cão tenha medo de nós, coisa que não desejamos (queremos uma relação amigável com eles, não é?!).

Mas, o que acontece com o cão quando usamos de punição na sua educação? Alguns cães podem até parecer que não ligam para o fato de darmos tranco em sua guia, mas pode levá-los a agir de forma mais agressiva (agressividade gera agressividade). Outros cães, mais sensíveis, podem ter o que se chama de "desamparo aprendido", ou seja, ele simplesmente desiste: não oferece mais nenhum comportamento, fica sempre amuado em um canto, pois não sabe se será ou não punido pelo seu dono.

Por exemplo: estamos ensinando o cão a deitar. Ele senta e damos um tranco na guia, gritamos com ele. Ele tenta de novo, não deita e repetimos a punição. O guiamos para deitar, ele deita e o elogiamos. O cão aprende que: deve apenas esperar uma ação do dono para fazer algo, uma ajuda, pois se ele tentar algo por ele mesmo, levará uma bronca. Então, o cão fica apático, está sempre num cantinho, evita fazer qualquer coisa.

Muita gente pode pensar que é um cão super educado, afinal, não faz nada de errado. Mas, na minha opinião, ele não faz nada! Não tem liberdade para ser um cão, para brincar, roer, tentar comportamentos novos. Fica ali, paradinho... é uma sombra de um cão.

Já quando não usamos a punição positiva, o cão tem liberdade de tentar sempre novos comportamentos; tem aquele brilho no olhar quando interagimos com ele. Vê-se que é um cão mais feliz.

O que você prefere?

terça-feira, 26 de junho de 2012

Antropomorfizar: quando é bom e quando não é

Com os cães fazendo cada vez mais parte da nossa família, morando dentro de nossas casas e não mais no quintal, fica difícil não antropomorfizá-los (tratá-los como humanos). E, como tudo, existe o jeito certo e o jeito errado de fazê-lo.

Infelizmente a maioria dos donos não antropomorfiza do jeito certo. Tratam os cães como se fossem humanos com casaco de pele; creditam sentimentos humanos aos cães; desculpam os cães por seu comportamento indisciplinado, sem ao menos querer saber o motivo que os levam a agir assim; dão alimentos inadequados a eles; não deixam os cães agirem como tal (cheirarem o bumbum de outros cães; cheirarem postes; rolarem na grama etc); desejam tentar entendê-lo como humanos, ao invés de tentar aprender mais sobre comportamento e linguagem canina. Dessa forma, criamos cães meio amalucados, que não sabem se portar como cães que são, e que acabam trazendo muitos problemas para seus donos (como agressividade, comportamentos compulsivos, medo etc).

Então, qual seria o jeito certo? Tratá-los como trataríamos nossos filhos. O quê? Como assim? Simples: com as crianças nos preocupamos em socializá-las com outras para aprender a dividir os brinquedos, a se comportar (não bater, não morder etc); nos preocupamos em educá-las (ou ao menos deveria), as estimulamos física e mentalmente. E com os cães? Simplesmente levamos nosso cão para uma simples volta no quarteirão para fazer suas necessidades; saímos para trabalhar e o deixamos em casa sem nenhum estímulo; não o socializamos com outros cães e pessoas (ele só conhece aquelas que vivem com ele); achamos que um educador canino é "bobagem". O resultado: acabamos com um cão frustrado, com excesso de energia e indisciplinado.

"Ah, mas ele come da melhor ração, dou sempre petiscos para ele, ele usa perfume, toma banho toda semana, gasto bastante com ele". Tudo bem, você pode continuar fazendo isso, mas SÓ ISSO não supre as necessidades dos cães. Eles precisam de estímulos físicos e mentais diariamente para se tornarem equilibrados e saudáveis (e com isso, nosso relacionamento melhorar).

E como fazê-lo? Igual com as crianças: socializar o cão com outros cães, sempre, filhotes e adultos (se seu cão for filhote, leve-o para casas de amigos que tenham cães amigáveis e saudáveis; convide amigos com cães saudáveis e amigáveis para ir até sua casa); socializar o cão com outras pessoas (crianças, idosos, homens de chapéu, carteiros, garis, mulheres, pessoas em cadeira de rodas, adolescentes, pessoas correndo, andando de bicicleta (patins, skate), etc); socializar o cão com objetos e ambientes (aspirador, liquidificador, vassoura, carro, rua, avenida, estacionamento, parque, barulhos diversos); educá-lo (contrate um educador canino responsável, que use métodos que não punam o cão); passeie no mínimo 1h por dia com ele; brinque com ele; ofereça brinquedos que o distraia enquanto fica  sozinho em casa (Kong recheado, petiscos espalhados pela casa, quebra-cabeças canino; brinquedos dispensadores de comida); pratique alguma atividade com ele (mas antes converse com seu veterinário para saber qual o estado de saúde de seu cão e veja se ele pode fazer); mantenha-o no peso (cães obesos e com sobrepeso desenvolvem uma série de doenças e tem a sua expectativa de vida reduzida); cuide de sua saúde física (escová-lo regularmente, banhá-lo sem exagero (nada de perfume!), escovar seus dentes e examiná-lo diariamente, cortar ou lixar suas unhas, limpar os ouvidos), procure dar o melhor alimento para ele (seja ração ou Alimentação Natural); evite o excesso de vacinas (procure um profissional que faça um protocolo de vacinação personalizado). Esse é o jeito certo de tratar um cão como um humano, sem esquecer que ele é um cão.

sábado, 5 de maio de 2012

Como mostrar que você ama seu cão (sem entupi-lo de comida)

Quem nunca deu um agradinho em forma de comida para o cão quando ele nos dá aquele olhar, que jogue a primeira pedra. Temos a tendência de querer agradar nossos cães como agradamos alguém que amamos: pelo estômago. Mas, comida não é tudo o que um cão precisa e, algumas vezes, é a última coisa que eles precisam. Estar acima do peso é tão prejudicial para os cães quanto é para nós mas, mesmo assim, temos dificuldade em recusar dar agrados gastronômicos aos nossos fiéis amigos peludos.

Algumas vezes damos comida porque não sabemos o que o cão quer naquele momento (ou nos recusamos a aceitar que ele quer passear ao invés de comer um pedaço de queijo, por exemplo). Então, vamos aumentar nosso repertório para deixar nossos cães felizes e saudáveis?

Primeiro: cães precisam de companhia. Não adianta querermos ter um cão se ele viverá sozinho no quintal ou no canil, nos vendo somente quando for a hora da comida e de trocar a água. Eles precisam de nós, ou pelo menos da companhia de outro cão, para serem felizes.

Cães também precisam de exercício, tanto físico quanto mental. Isso mesmo: o cérebro de nossos cães também precisa ser estimulado. Tudo bem, você chega exausto do trabalho mas, se, assim como eu, escolheu ter um cão, ele precisa mais do que um simples abrir de portas e ir dar uma voltinha no quintal (ou ser levado para passear por apenas 5 minutinhos e nada mais). Mas não é difícil prover o que nossos cães precisam: 15 minutos de treino (seja ensinar um novo truque, ou mesmo praticar os comandos que ele já sabe), 15 minutos de brincar de bolinha (ou de cabo-de-guerra). Um passeio é ótimo também, desde que tenha no mínimo meia hora. Mas, será que meia hora é suficiente? Normalmente, não... risos. Os cães precisam de bastante exercício, senão vão gastar a energia de outra forma (aprontando em casa, claro). A quantidade de exercício vai depender da raça do seu cão, da idade dele, do tipo de alimentação, da saúde etc. Se você tem um shih-tzu de 6 anos, a rotina de exercícios será menor do que se você tiver um beagle de 3 anos. Veja o meu caso: minha Whippet está com 7 anos, come alimentação natural e não tem nenhuma doença. Para ela a rotina ideal de exercícios é: 2h diárias de caminhada (dividida em 2 passeios); corridas sem guia (diariamente, na garagem, por 5 a 10 minutos); 15 a 20 minutos de treino de obediência; brincadeiras com a gente; enriquecimento ambiental. Assim ela fica sossegada e não apronta quando está em casa. Menos que isso, ela começa a aprontar.

Falei do estímulo físico mas, e o mental? Coisas simples, como mudar a rota do passeio, já é uma forma de estímulo mental. Existem os chamados brinquedos inteligentes, onde você coloca parte da comida do cão (ou toda ela) dentro deles e o cão precisa "trabalhar" para conseguir comer. São Kongs, bolas ocas que contém buracos e o cão precisa rolá-las, ou bater nelas, para que caia a comida (ou petiscos); garrafas pet com buracos (brinquedo feito em casa que faz o maior sucesso!); esconder petiscos e brinquedos pela casa e ensinar o cão a "procurá-los". Tudo é uma forma de estimulação mental.

Lembre-se também que cães de trabalho (pastores, retrievers, hounds, terriers etc), tendem a ser mais agitados que cães de companhia e, consequentemente, requerem uma rotina de exercício maior. E tamanho nem sempre indica a quantidade de exercício requerida: o Greyhound, que é um cão de porte grande, é o típico cachorro de sofá; já o Jack Russell Terrier, pequeno de cerca de 30cm, é um atleta e tanto e precisa gastar bastante energia.

Resumindo: o que determina o quanto você vai precisar se dedicar ao cão é a raça, idade e personalidade dele. Leve tudo isso em consideração porque, muitos dos problemas de comportamento que vejo hoje nos cães é devido a falta de exercício.




Um belo passeio pode deixar seu cão mais feliz (e amar ainda mais você) do que se você lhe der um biscoito. Além de vocês dois se divertirem, fará um bem enorme para a saúde de ambos (nada de gordurinhas extras para vocês. Quer coisa melhor?). Aqui, Suzie esperando ser solta da guia para poder correr livremente.

sábado, 28 de abril de 2012

Como funciona a obediência canina

Os cães, assim como qualquer animal que tenha cérebro, fazem aquilo que funciona.

O comportamento está, digamos assim, sob controle de consequências, então, a obediência canina nada mais é que prover consequências ao cão. Existem quatro tipos de consequências:

1. Coisas boas começam (reforço positivo)
2. Coisas boas acabam (punição negativa)
3. Coisas ruins começam (punição positiva)
4. Coisas ruins acabam (reforço negativo)

O cão constantemente tenta começar algo bom, terminar algum ruim, evitar acabar com algo bom e evitar começar algo ruim. Quando sabemos disso, conseguimos controlar nosso cão.

Algumas vezes não sabemos direito o que é "bom" e "ruim" para o cão e acabamos reforçando exatamente um comportamento que não desejamos, além de perder oportunidades valiosas.

Vamos lá. Você tem acesso a tudo o que seu cão gosta: comida, o mundo lá fora, atenção, outros cães, odores, brincadeiras. Os brinquedos criam vida quando na sua mão! Você tem polegares opostos que podem abrir portas e potes. Muitos reconhecem isso, mas ainda assim esperam que o cão obedeça por gratidão: já que proporcionamos tudo isso, nada mais justo que ele nos obedeça. Isso só vai funcionar se você fizer o cão fazer a parte dele PRIMEIRO em toda e qualquer troca. Ou seja, você deve fazer de um jeito que, se o cão quiser brincar com outros cães no parque ou que a porta da frente seja aberta, ele precisa obedecer primeiro. Lembre-se: ele precisa fazer a parte dele ANTES e então você providencia o que ele quer. Assim ele verá a obediência como o meio de obter o que quer, ao invés de pensar que é algo que interfere no que ele quer.

Controle as coisas boas da vida do seu cão - pare de dá-las gratuitamente. Afinal, nada é de graça: você sempre reforça algo quando abre a porta, passeia com o cão, começa uma brincadeira. Isso porque o cão sempre está fazendo algo e este algo é reforçado quando algo bom acontece. Esteja ciente disso e selecione o comportamento que deseja reforçar ao invés de reforçar qualquer coisa que o cão estiver fazendo naquele segundo. Esteja preparado para negar o reforço se o cão não obedecer.

A recompensa tende a ser mais potente depois de um período de privação: um cão com fome trabalha mais que um saciado, por exemplo. Já, para um cão que comeu bastante, a comida pode até se tornar um aversivo.

Cães aprendem a reconhecer quando uma consequência boa ou ruim é provável porque, naturalmente, situações diferentes pedem estratégias comportamentais diferentes: as "dicas" do ambiente mostram quando aquele comportamento será bem sucedido. Por exemplo: quando colocamos dinheiro numa máquina de doces, recebemos um chocolate; se colocamos dinheiro na lata de lixo, nada acontece. Então, não colocamos dinheiro na lata do lixo. "Bem sucedido", em termos de aprendizagem, significa que aquele comportamento foi recompensado. Começou algo bom ou terminou algo ruim. Ou seja, funcionou. Um comportamento que funciona fica mais forte. Isso é lei, aplicável a todos os animais (incluindo nós). Essa é a essência da educação canina.


Suzie deita para poder brincar com seu brinquedinho predileto

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Meu cachorro SABE que fez a coisa errada

Semana passada escrevi um artigo sobre cães que aprontam quando os donos não estão em casa, destruindo as coisas, e que os donos juram que eles sabem que fizeram errado por conta da "cara de culpa". Quer saber mais? Acesse aqui e descubra o que é, na verdade, a cara de culpa do seu cão.

sábado, 7 de abril de 2012

Cães e crianças

Vira e mexe me perguntam: cães e crianças podem conviver juntos? Respondo: SIM. Mas é óbvio que o cão precisa ser acostumado a elas, aprender a gostar delas, brincar com elas, ficar relaxado ao lado delas.

As fotos abaixo mostram que, aqui em casa, isso funciona muito bem. Claro que isso não aconteceu da noite para o dia, deu trabalho, mas isso compensou, e muito! Para saber mais, acesse meu outro site: http://maescomcaes.blogspot.com

E agora, com mais um a caminho, também habituarei a Suzie a novas condições e estilo de vida. Mas isso ela já está super acostumada e terá a irmãzinha pra atender suas necessidades de brincar.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Dominância?

Hoje em dia já não se cogita mais falar que o cão é dominante sobre o dono, simplesmente porque não há dominância entre espécies diferentes. O que existe é que o cão não sabe como se comportar naquele contexto, seja porque não foi devidamente socializado naquela situação ou por não conseguir lidar com ela (não foi educado). Mas isso não significa dominância. Então, quando alguém falar que o cão faz determinado comportamento porque quer dominar os donos, não é verdade. Pesquisas recentes já indicam que isso é uma maneira simplista de explicar algo mais complexo, que requer estudo.

Exemplo: o cão pula no dono. Em uma visão mais simplista, alguém poderia dizer que ele faz isso porque é dominante, porque quer te dominar, porque te vê como um subordinado e por aí vai. Mas não se chega a conclusão alguma sobre o MOTIVO que leva o cão a pular. Ele está recepcionando o dono? Está excitado? Está chamando atenção? Querendo brincar? E não: ele não está sendo dominante.

Outros comportamentos que a maioria das pessoas atribuem à dominância:

1. Morder / agressividade, principalmente direcionada às pessoas de casa
2. Puxar a guia
3. Fazer xixi/coco pela casa, principalmente quando é na nossa cama
4. Roer objetos
5. Pular nas pessoas, colocar a pata em cima
6. Não vir quando chamado
7. Pedir comida
8. Passar primeiro na porta
9. Dormir nos móveis
10. Roubar lixo/roupas

Estes são mais problemas de uma falta de orientação do dono sobre qual é o comportamento adequado para que o cão conviva bem na nossa sociedade humana. Se ele pula nas pessoas é porque nunca aprendeu que, para recepcioná-las, o mais adequado seria sentar; se ele não vem quando chamado não é porque está testando nossa liderança, mas será que ele foi educado para tanto, ou está entretido com outra coisa e não o ouviu? E assim por diante.

Existem também muitos mitos relacionados à dominância.

1. O dono é visto como parte da matilha: impossível, já que uma matilha é composta por indivíduos da mesma espécie e o cão não nos vê como outro cão. Além do mais, temos muita dificuldade em entender e nos comunicar com nossos cães, já que nossa linguagem é diferente.
2. O cão alfa é agressivo e encrenqueiro: mentira. O cão alfa é seguro de si, não briga, não rosna, divide as suas coisas quando quer.
3. O cão alfa nasce alfa: isso não é algo que nasce com o cão, depende de outros fatores, como experiências passadas, tamanho, peso, aptidão física, relações sociais, mudanças ocorridas com a idade etc.
4. O dono deve agir como alfa para ter um cão comportado: como dito antes, não há possibilidade disso, já que a hierarquia de dominância (termo correto) só ocorre entre indivíduos da mesma espécie.
5. É válido o dono se impor ao cão pela força: isso pode se tornar perigoso e é inadequado para os cães e nosso relacionamento com eles, além de poder causar desvios comportamentais por medo, o que indica que a técnica não funciona.
6. Disputas entre cães da casa são motivadas pela dominância: há regras hierárquicas entre os cães da mesma casa. Um cão pode reivindicar prioridade em certas coisas (carinho, brinquedo, lugar para descansar), mas o faz por meio de olhares ou com um rosnado baixo, sem brigar. Algo comum que vemos em casas que têm mais de um cão é: um dos cães ser o líder no acesso aos brinquedos, mas o outro o é no lugar para dormir. Claro que cabe a nós, donos, impormos limites e socializarmos muito, muito, muito bem nossos cães (um cão mal socializado tende a brigar mais e por qualquer coisa).
7. Brigas com cães desconhecidos são devido à dominância: isso acontece porque eles não conhecem a linguagem um do outro (problema que pode ser evitado com a... socialização!).
8. O cão dominante disputa para acasalar com a fêmea: quem já viu cães de rua, sabe que isso não é verdade: é a fêmea quem escolhe com qual macho irá acasalar.
9. Fêmeas no cio brigam por disputa hierárquica: isso se deve pelos hormônios que circulam na fêmea nesta época, deixando mais agressiva. Ou seja, é fisiológico.

Hoje em dia já está mais disseminado que somos como pais para nossos cães, e não "alfas". Por isso que a educação canina hoje é sem castigo: ignora-se o mal comportamento e recompensa-se o desejado. Nada de utilizar da força física, mas sim da nossa inteligência. E assim conseguimos ensinar tudo o que queremos de boas maneiras aos nossos cães, sem precisarmos brigar, gritar, puxar a guia, bater, e tantas outras coisas que vemos por aí.

 Quando nos relacionamos como pais com os nossos cães, torna-se muito mais natural sua educação (e mais agradável) do que se nos considerarmos líderes

Então, o que é preciso para educarmos nossos cães? Até pouco tempo atrás, acreditava-se que precisávamos ser dominantes perante eles, usarmos de força física, métodos coercivos, punições. Até hoje vemos muitos cães sendo "educados" com trancos na guia, beliscões, chutes, choques... Quando um cão aprende por meio destes métodos, ele responde aos nossos comandos por MEDO, para evitar algo desagradável. Você gostaria de aprender assim? O certo é educarmos nossos cães com paciência, consistência, premiando o bom comportamento e ignorando o que consideramos errado (mas prevenir que o errado aconteça é melhor). Para isso, todos que vivem com o cão devem ser consistentes quanto às regras. O cão pode subir no sofá? Pode entrar nos quartos? Se não houver uma regra clara, não podemos culpar o cão por fazer o que não queremos (mas que outra pessoa que mora com a gente deixa-o fazer).

Outro aspecto positivo quando usamos de nossa inteligência e não força bruta é que o cão fica muito mais confiante: aprende mais rápido, fica mais relaxado em variadas situações e é um cão mais fácil de se conviver. O processo de educação começa com o cão ainda filhote: proporcionando socialização intensa (pessoas, ambientes, animais, cães, objetos, barulhos) e obediência básica ("senta", "fica", "vem"), que nos ajudam a controlar o comportamento do cão.

Existe ainda mais a ser abordado sobre este assunto, principalmente sobre os métodos usados para se educar (e até mesmo brincadeiras) baseados na teoria da dominância, mas fica para um próximo post.

Se quiserem saber mais sobre o assunto, recomendo a leitura destas matérias:
http://caosciencia.blogspot.com.br/search?q=domin%C3%A2ncia
http://www.dogstardaily.com/search/node/dominance

Fonte: livro "Culture Clash", site do Dr. Ian Dunbar e revista "Cães e Cia"

quinta-feira, 29 de março de 2012

Guia do Filhote: parte I

Então, você e sua família decidiram ter um filhote em casa. Parabéns! Mas, antes de aumentar a família, é preciso entender um pouco mais sobre a educação e o comportamento dos filhotes, e é isso que vou tentar explicar aqui.

O primeiro mês do filhote, na sua casa, é de extrema importância: é quando ele precisa de nossa maior dedicação, tempo e paciência para educá-lo da melhor maneira possível, transformando-o em um cão adulto exemplar.

Não importa se você comprou um filhote de um criador idôneo (por favor, não compre em pet shops, anúncio de jornal, feirinhas, nem nada parecido! Estes filhotes são fruto de muito sofrimento dos pais; quem os colocou no mundo não se importa com sua saúde física nem mental, ou seja, você não estaria levando para casa um filhote para companhia, mas algo como um "animal de rebanho") ou adotando de um abrigo, lar temporário ou ONG: o melhor é fazer é se informar para ter todas as ferramentas necessárias para se ter um filhote (e adulto) bem comportado, apto para viver em nossa sociedade.

Aqui irei abordar temas como educação do filhote, enriquecimento ambiental, brinquedos, treino de banheiro, treino de mordida, socialização, a adolescência. Você: saberá quais as fases de desenvolvimento do filhote; saberá como selecioná-lo e ao criador (ou protetor) e avaliar o seu comportamento (idealmente o filhote deve ter sido criado dentro de casa e já deve saber alguns comandos básicos e ter começado a socialização - além de não poder ser doado ou vendido antes dos 60 dias); como é a rotina de banheiro e porque os filhotes roem (aprender a dar-lhes algo apropriado para roer e passar o tempo - enriquecimento ambiental); aprenderá a socializar o filhote com pessoas, cães, animais, superfícies, barulhos, objetos etc; como ensinar o filhote a controlar a força de sua mordida (algo muito importante, pois evita acidentes graves); e a evitar problemas quando o cão for adolescente, além da importência dos passeios.

Espero que seja útil tanto para você quanto para seu filhote. A vida em comum é muito mais agradável quando temos um cão bem comportado.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O medo nos cães

Nem sempre é fácil identificar um cão medroso. Quando o cão é nosso, parece mais difícil ainda: quem não acha que seu cão é o melhor do mundo, não é?!

Mas os cães estão sempre nos mandando sinais, através da sua (riquíssima) linguagem corporal. Basta que nós saibamos ler estes sinais, que podem ser muito nítidos ou mais sutis, e evitarmos acidentes, principalmente com crianças: afinal, cães que sentem medo fogem e nos dão estes sinais mas, se não os lermos e insistirmos na aproximação, eles podem se sentir acuados e atacar (o que pode ser desastroso, se ele tiver um mal (ou nenhum) treino de mordida).

Um exemplo: seu cão tem medo de crianças e você, um dia, recebe uma criança em casa. O cão corre pra caminha dele, fica agachado, de olhos arregalados, virando a cara e lambendo o focinho (alguns sinais de medo - vejam mais no desenho abaixo). As crianças não entendem a linguagem corporal dos cães: cabe a nós, adultos, entendermos e explicar que, quando um cão está desse jeito, não se deve chegar perto dele. Agora, digamos que ninguém saiba disso e deixam a criança chegar perto do cão, porque ele é bonzinho. A criança vai chegando perto, mais perto e o cachorro, sem saída, ataca a criança. "Que cachorro malvado, traiçoeiro, atacou do nada!". Não. Ele deu todos os sinais que estava desconfortável com aquela situação, ANTES de atacar.

Agora, fatores que podem atenuar esse ataque: o cão ter um ótimo treino de mordida (ele encosta apenas o focinho na pele, só deixando na criança um pouco de saliva); porte pequeno do cão (ele pula na criança, mas não a machuca, pois não tem peso suficiente para tanto). Fatores que podem tornar o ataque desastroso: porte médio para grande do cão (ele pula na criança e, com o peso, a derruba e machuca); péssimo (ou inexistente) treino de mordida (onde o cão morde mesmo, lacerando a pele e tirando sangue). Se você juntar os dois fatores (cão de porte grande/médio e péssimo treino de mordida), terá um acidente grave.

Veja o quadro abaixo para aprender a ler os sinais que seu cão lhe dá de quando está com medo. Se seu cão mostrar alguns destes sinais, identifique as situações e, com a ajuda de um profissional, trabalhe com o cão (contra-condicionamento, dessenssibilização e BAT (treino para mudar o comportamento)) para que ele perca o medo. Lembre-se: nós precisamos ajudá-lo: os cães não superam o medo sozinhos. E contratem um profissional que não use aversivos (trancos, gritos, choques, chutes, tapas etc), e sim um que recompense os bons comportamentos e ignore os maus. Só assim seu cão realmente será ajudado e será infinitamente mais feliz, sem medos!

Imagem do site da Dra. Sophia Yin (pdf gratuito), veterinária especialista em comportamento animal e autora de vários livros sobre o assunto

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Meus textos

Aos senhores copiadores de plantão, fica a dica: meus textos são de minha autoria (quando são traduções, são devidamente autorizadas pelos seus autores!) e TODA E QUALQUER CÓPIA DOS MESMOS É PROIBIDA, OK?! Cansei de ver meus textos em sites/blogs de pessoas que se dizem profissionais de adestramento, com os nomes das minhas meninas, como se o texto fosse daquela pessoa.

Quer um texto meu? Ótimo! Entre em contato comigo que eu cedo com o maior prazer: você pode linkar no seu site, copiar até, desde que tenham os devidos créditos. Agora, um profissional roubar texto de outro, que coisa feia, hein?!

Portanto, antes de fazer a besteira de dar um Ctrl+C e Ctrl+V em um texto meu, pode me escrever. Não sou tão chata assim a ponto de não deixar um texto meu ser divulgado. Àqueles que roubaram meus textos, tenham a CARA DE PAU de ao menos apagá-los do seu blog/site ou escrevam um artigo similar com suas palavras.

Grata pela atenção!