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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Inteligência dos Cães - Parte 1

Depois de um post muio bacana no blog da Camilli, resolvi que iria publicar uma série de matérias falando sobre os tipos de inteligência canina. Sim, isso mesmo, os cães tem vários tipos de inteligência, não apenas a famosa "inteligência de trabalho ou de obediência", na qual os cães estão listados do mais inteligente ao menos inteligente.

Como o próprio autor do livro A Inteligência dos Cães diz, não se pode dizer que um cão é menos ou mais inteligente que outro com base em apenas um tipo de inteligência.

Vejamos no nosso caso: temos vários tipos de inteligência (linguística, espacial, lógica, interpessoal, intrapessoal etc) e, hoje em dia, não se pode mais declarar que a pessoa X é mais inteligente que a pessoa Y porque a primeira tem notas excelentes em matemática, enquanto a outra se dá bem em português. Todos são inteligentes, à sua maneira e na sua inteligência predominante. Assim são com os cães.

Variedades de Inteligência Canina
A relação homem-cão se origina do fato que os cães realizam funções para nós. Estas funções podem ser utilitária ou psicológica. As funções utilitárias mais comuns são a guarda (pessoal e de propriedades), caça, pastoreio, busca, resgate e no auxílio a deficientes. A função psicológica mais comum é a de fazer companhia. Nos últimos anos, esta função teve um papel mais formal, com os cães fazendo parte de uma terapia preventiva e curativa para os idosos, pessoas isoladas socialmente ou com distúrbios psicológicos. Vejam quantas aptidões diferentes buscamos nos cães! Algumas delas, como as de caça, busca e rastreamento, refletem aspectos de comportamento normais em todos os cães selvagens e seus descendentes e, portanto, são de natureza hereditária ou instintiva. Outras, como a de cão de serviço, envolvem treinamento prolongado.


A melhor maneira de avaliar o grau e natureza da inteligência canina é observar como ela se apresenta nas várias tarefas realizadas pelos cães, tanto para si mesmo quanto para os humanos. São três dimensões diferentes de inteligência manifesta (a inteligência mensurável total de um cão): inteligência adaptável, de trabalho (ou de obediência) e instintiva. 

Nesta primeira parte, darei uma pequena introdução de cada tipo de inteligência e, nas semanas seguintes, falarei mais a fundo sobre cada uma delas. 


Inteligência Adaptável
Quando falamos de inteligência, normalmente nos referimos a habilidades de aprendizagem e solução de problemas. A capacidade de aprendizagem é o número necessário de experiências para que alguém codifique algo na forma de memória relativamente permanente. Quem tem boa capacidade de aprenzigem necessita de poucas exposições a determinada situação para formar associação e lembranças utilizáveis. A resolução de problemas é a capacidade de vencer obstáculos mentalmente, juntar fragmentos de informação numa resposta correta ou descobrir novas formas de empregar a informação aprendida em situações novas. Quem é bom na resolução de problema precisa de menos tempo para chegar à solução e tem menos falsas tentativas e soluções inviáveis.


Estas capacidades configuram a inteligência adaptável. Um exemplo deste tipo de inteligência é seguir a pista da presa para o jantar ou cuidar dos filhotes. Se surgem problemas com frequência, suas soluções são armazenadas na memória (aprendidas), de modo que se possa gerar a melhor resposta, e mais rápido, ao defrontar-se com situações parecidas. Assim, a aprendizagem e a resolução de problemas interagem para tornar o comportamento mais eficiente.


Inteligência de Trabalho ou de Obediência
Quando pensamos em inteligência canina, pensamos em um cão super obediente e altamente treinado fazendo várias coisas que seu tutor pede. Quando o cão demonstra compreender o significado de determinadas ordens, reagindo de forma apropriada, ele demonstra um dos aspectos mais importantes da sua inteligência manifesta - importante porque, se os cães não reagissem ao controle e comando humano, não nos seriam úteis nem capazes de executar as tarefas pelas quais os estimamos. Como esses atributos de inteligência são demonstrados também nas competições de obediência, podemos dar seu nome de inteligência de obediência. Mas, como ela também é uma inteligência necessária para cumprir tarefas no mundo real, poderíamos chamá-la de inteligência de trabalho

Pode parecer lógico que um cão com inteligência adaptável alta tenha uma melhor inteligência de trabalho. Mas, muitos cães com inteligência adaptável alta parecem ser indiferentes às tentativas de lhes ensinarem exercícios de obediência; por outro lado, os que tem inteligência adaptável moderada, executam exercícios de obediência muito bem. 


Enquanto a inteligência adaptável mede o que o cão pode fazer por si mesmo, a inteligência de trabalho deve ser vista como medida do que o cão pode fazer pelos humanos. A inteligência de trabalho contém um componente social. Do ponto de vista humano, reflete respostas ao seu tutor; do ponto de vista canino, é a resposta ao líder da matilha. 


Inteligência Instintiva
É uma inteligência raramente considerada. Inclui todas as aptidões e comportamentos que fazem parte da programação genética. Nos cães, é responsável por grande parte de suas habilidades.

No começo da criação de cães, as pessoas se deram conta de que acasalando cães com traços comportamentais desejáveis específicos podiam desenvolver uma linhagem que carregava aqueles comportamentos em seus genes. Através deste acasalamento seletivo, configuramos o tamanho, tipo, cor e temperamento dos cães, além de selecionarmos certas características comportamentais.


As habilidades herdadas do cão, quer através de pessoas, quer através da seleção natural, viram características que determinam as diferenças entre as raças. Estas habilidades e predisposições comportamentais geneticamente determinadas constituem a inteligência instintiva do cão - aquilo que pode ser transmitido de geração a geração através dos mecanismos biológicos de herança. Alguns aspectos da inteligência instintiva podem ser bem específicos, como a tendência a latir ou a apanhar a caça; outros podem ser gerais e amplos e podem afetar o desempenho do cão quanto à resolução de problemas, obediência ou outros aspectos do comportamento. 


Misturando Mentes
Se os cães apresentam três diferentes tipos de inteligência, qual a mais importante ou a que domina o comportamento do cão? Estas formas de inteligência afetam uma à outra de algum jeito? É preciso um certo nível de inteligência adaptável para produzir uma inteligência de trabalho, mas um cão pobre em inteligência de trabalho não significa pobre em inteligência adaptável. A maneira como a inteligência instintiva interage com as outras é mais complexa. A maioria das raças tem alguma forma de inteligência instintiva que as torna especiais. Isso irá refletir num padrão particular de aptidões, habilidades, predisposições comportamentais e assim por diante. Mas alguns cães parecem mais dominados por suas inteligências instintivas que outros e, no caso de algumas raças, a inteligência instintiva não produz nenhuma aptidão relevante.

Por exemplo, o Dobermann e o Poodle não apresentam habilidades instintivas muito acentuadas que os diferenciem de outras raças. Ambos têm inteligência adaptável e de trabalho bem desenvolvidas mas, profissionais que treinaram Dobermanns para cuidar de ovelhas e Poodles para caçar ratos revelaram que os cães acharam a tarefa muito difícil. Mesmo se o treinamento é feito até o fim, é provável que o desempenho final não seja dos melhores. Os cães conseguirão fazer o trabalho, mas o desempenho nunca será excelente.


Um cão com inteligência instintiva forte e manifesta para certas aptidões, estará melhor entrosado nesse campo de atividade e talvez não se adaptará em ambientes diferentes onde aqueles comportamentos não são possíveis ou não são apreciados. Um cão que não possui aptidões instintivas notáveis pode ter inteligência adaptável melhor e, de acordo com sua personalidade e outros fatores, pode muito bem ser a opção em situações onde as tarefas que deverá realizar e os ambientes aos quais precisará se adaptar são complexos e variados.

2 comentários:

Camilli Chamone disse...

Conclusão: Inteligência canina não é algo tão facilmente mesurável e há mais coisas entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia! :)

Adorei o post!

Fúlvia e Suzie disse...

Oi Camilli!

Que bom que gostou! Pois é, inteligência não é nada simples. Há muito mais coisas do que podemos imaginar =) Aguarde que semana que vem tem mais!

Beijos