A educação dos cães é muito
importante e necessária. Ela é essencial para que eles consigam se
adequar a quase todo tipo de situação, mas somente educá-los não
é garantia de lhes oferecer bem-estar. Cada indivíduo é único, a
educação é importante e a genética, queiramos ou não, também,
por isso não podemos deixá-la de lado.
Mudanças
para satisfazer nossas necessidades
Os
cães, que
nos acompanham ao longo das civilizações, se adaptaram aos nossos
povoados e, depois, se tornaram “ferramentas” importantes para
nossa vida.
Começamos
a exigir deles comportamentos e aspectos determinados, criando-os
para isso. Moldamos desde o seu tamanho até sua tolerância a
contato físico, sem esquecer sua
mordedura, comportamento,
cor e comprimento da pelagem etc. Tudo de acordo com nosso gosto.
Sejam
desenvolvidas naturalmente ou por seleção artificial, o fato é
que hoje existem centenas de raças reconhecidas, inclusive algumas
com problemas variados,
como machos que não conseguem fecundar as fêmeas, fêmeas que não
podem ter um parto natural devido ao tamanho da cabeça dos filhotes,
cães com dificuldades respiratórias, problemas de coluna, de
quadril, má formações genéticas etc.
A
conduta de nossos cães será a combinação da genética com a
educação. Como ambas são fundamentais, não podemos esquecer de
nenhuma!
As
aparências enganam?
Vamos
pensar nos cães selecionados para as tarefas de antigamente: para
quê eram
eficientes?; quais as funções, hoje em dia, dos antigos cães
pastores, de guerra, caçadores, rastreadores? Nesta descrição,
entram cães como os conhecidos Pastores Alemães, Pointers, Galgos,
Mastifes, Terriers, entre outros (para saber mais, a FCI os
classifica em 10 grupos de acordo com sua função).
É
evidente que há diferenças importantes entre os grupos de cães,
além da sua morfologia. A seleção para desempenhar funções
concretas influi também nas diferenças comportamentais. Traduzindo:
nossos cães de “companhia” podem
ter tanto características que nos chamem a atenção como problemas
de comportamento.
Exemplos
Foi-se
criada uma raça para o trabalho e, para isso, ela deveria gostar de
trabalhar, e trabalhar muito. Ela tem muita
necessidade de trabalhar. Sim, estou falando do Pastor Belga
Malinois: pode ele ser feliz se não trabalhar? Depende. Podemos
fazer com que ele trabalhe em outro tipo de coisa, a menos que você
queira que o trabalho dele seja destruir sua casa. Agora, com certeza
ele será muito mais feliz e,
até mais equilibrado, se
respeitarmos a sua individualidade e dermos
a ele algo com que se ocupar, seja fazendo agility, obediência,
trekking etc.
Aqueles
cães lindos que nadavam para levar a presa são hoje os sociáveis e
amigáveis Retrievers. São cães que estão sempre dispostos a
qualquer coisa, inclusive aprontar em casa, se não lhe dermos coisas
úteis para fazer.
Há
também o famoso Border
Collie, que hoje é muito conhecido por pastorear crianças. Mesmo
que você conheça um que não o faça, é característico da raça
sua movimentação, sua cautela, seu olhar fixo e sua disposição
para o trabalho, para aprender, para os esportes caninos.
O
Beagle é um ótimo exemplo de um cão rastreador: sente um odor, se
fixa nele e nada o faz parar de segui-lo.
E
os cães de caça que adoram qualquer pessoa? São os Setters e
Pointers. Provavelmente sejam assim porque antigamente os caçadores
os emprestavam uns para os outros e, assim, trabalhavam com qualquer
pessoa.
Ainda
que existam os Terriers maiores, já percebeu que os menores, apesar
de usados como cães de companhia, nem sempre são amigáveis, latem
bastante, são ousados, algumas vezes não se dão bem com crianças
pequenas? Sua origem lutadora e de trabalhador solitário contribuem
para essas características.
Resumindo
O
que isso quer dizer? Que
todos os cães de uma mesma raça agem da mesma forma? Não! Mas
saber a sua origem nos faz levar em conta suas necessidades ,
supri-las e usá-las a nosso favor para termos um cão mais
equilibrado e feliz.
A
educação que damos aos nossos cães é muito importante mas não
podemos esquecer que muitos deles foram feitos para desempenhar
determinada função e muitas vezes somos os responsáveis por suprir
suas carências para não nos defrontarmos com problemas de
comportamento “típicos” de determinada raça ou grupo de cães.
Saber
o passado de nossos cães nos ajudará a melhorar seu presente.
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