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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Seu cachorro tem atopia?

A dermatite atópica, também chamada de atopia, é uma doença de pele inflamatória e pruriginosa (que causa muita coceira), e que tem origem genética. Está comumente associada à produção de anticorpos IgE contra substâncias específicas que causam alergia no animal.


A gordura natural da pele a mantém hidratada, e serve de proteção contra fungos e bactérias. O animal acometido com dermatite atópica tem a perda dessa barreira lipídica da pele (epiderme), o que aumenta a perda de água das células e torna a pele mais seca, o que faz com que ela passe a absorver tudo com o que entra em contato, e a torna mais permeável a agentes externos. Dentro de casa, é comum o animal desenvolver alergia a carpet, ácaro, cera, insetos. Fora de casa, a pólen.

O cão atópico, além de coçar pela pele seca, começa a coçar pela reação alérgica que se desenvolve, através de um mecanismo mediado por IgE, alérgenos microbianos, ambientais e alimentares. A degranulação de mastócitos leva à liberação de histamina e proteases, tornando a pele mais reativa. Devido à reação inflamatória, há diminuição da atividade dos lipídios e peptídeos antimicrobianos (defensina e catelicidina), facilitando a penetração de microorganismos na pele.

Estudos revelam que a pele de cães atópicos, mesmo quando eles não possuem sintomas, têm maior aderência e colonização por Staphylococcus intermedius (uma das bactérias causadora da piodermite, ou infecção da pele). Essas infecções tornam-se freqüentes, melhorando com o tratamento, porém retornando quando o medicamento é interrompido. Elas precipitam e intensificam a doença atópica, aumentando os custos do tratamento e conduzindo a sua refratariedade.


O sinal mais comum relatado aos veterinários é uma coceira que persiste o dia inteiro (inclusive à noite), auto-mutilante, de moderada a intensa, não sazonal (independente da época do ano), crônica (animal coça há muito tempo), primário (a coceira aparece antes dos ferimentos). Os locais onde ocorre mais coçeira é a região em volta do olho, as orelhas (o cão apresenta otite externa, bilateral), abdôme, virilha, axila, interdigital, e flexuras.


Os animais mais acometidos são os de pequeno porte, de raça pura, com maior incidência em jovens a partir de 1 ano de idade. As raças mais predisponentes são Poodle, Cocker Spaniel, Lhasa Apso, Shih Tzu, Labrador Retriever, Bulldog Inglês, Shar Pei, Yorkshire Terrier, Beagle, e Pastor Alemão.


No tratamento, o importante é limpar a pele e remover a infecção bacteriana, para depois hidratá-la com o uso de shampoos ou sprays prescritos pelo veterinário. Medicamentos para o controle da coçeira podem ser utilizados no começo, mas não devem ser mantidos por muito tempo, com o risco de se tornarem prejudiciais ao animal.


A dermatite atópica é uma doença que, infelizmente, não tem cura, apenas controle. A boa notícia é que, atualmente, há no mercado vacinas desenvolvidas para diminuir a reação alérgica da pele contra agentes específicos, e que, associadas ao uso regular de shampoos específicos, estão proporcionando uma ótima qualidade de vida aos animais.

Referências:

  • DEBOER, D. J; HILLIER, A. The ACVD task force on canine atopic dermatitis (XV): fundamental concepts in clinical diagnosis. Immunology and Immunopathology, v. 81, p. 271-276, 2001.
  • HILL, P. B.; OLIVRY, T. The ACVD task force on canine atopic dermatitis (V): biology and role of inflammatory cells in cutaneous allergy reations. . Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 81, p. 187-198, 2001.
  • OLIVRY, T et al. Treatment of canine atopic dermatitis: 2010 clinical practice guidelines from the International Task Force on Canine Atopic Dermatitis. Veterinary Dermatology, v. 21, n. 3, p. 233–248, 2010.

  • SCHAUBER, J.; GALLO, R. L. Antimicrobial peptides and the skin immune defense system. J Allergy Immunol, v. 122, n. 2, p. 261-266, 2008.

  • OLIVRY, T.; HILL, P. B. The ACVD task force on canine atopic dermatitis (VIII): is the epidermal lipid barrier defective? Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 81, p. 215-218, 2001.

  • NUTTAL, T. Management of atopic dermatitis. Veterinary Foccus, v. 18, n. 1, p.32-39, 2008.

  • MUELLER, R. L. Immunopathology of Atopic Dermatitis. Proceedings of the World Small Animal VeterinaryAssociation, Sydney, Australia, 2007.

Um comentário:

Ana Corina disse...

O Shoyo tem e apareceu só no ano passado, ou seja, ele estava com 6 anos. Tenho quase certeza de que é culpa do excesso de vacinação... Beijo!