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terça-feira, 26 de maio de 2015

A cartilha da alimentação crua

Antes de dar alimentação crua, eu alimentava a Suzie com ração. Adorava procurar a melhor no mercado, ler sua composição, pesquisar sobre elas. Seguia tudo à risca: quantidade correta, segundo o fabricante e acreditava que era a melhor alimentação, nutricionalmente balanceada e que traria a melhor saúde pra minha magrela. 

Mas o tempo foi passando, conversei como algumas pessoas que não ofertavam ração, mas sim a então nova alimentação natural. Mas não acreditava muito, confesso. Até que Suzie começou a ficar sempre doente: seja sofrendo de dermatite, de otite ou de problemas gastrointestinais. Até vermes ela pegou através de ração. O primeiro a me abrir os olhos foi o veterinário, que me indicou uma pessoa que fazia já pronta para vender (algo incrível para mim, que sou vegetariana e não queria mexer em carnes). Isso foi há quase cinco anos. Depois, eu também comecei a pensar "Pôxa, se eu me preocupo com a minha alimentação, dando preferência a alimentos naturais, por que dou um alimento industrializado e processado pra Suzie? Se isso não faz bem pra mim, com certeza pra ela também não.". Com o tempo fui pesquisando eu mesma sobre como formular a dieta dela em casa: sairia mais em conta e eu variaria os ingredientes. 

Hoje, tanto ela quanto Pistache comem alimentação crua, biologicamente apropriada, e a saúde deles é incrível. Há melhora na disposição, de pelagem, de saúde e emocional. Só vi benefícios.

Quando comecei não havia muitas informações disponíveis em português, então também pesquisava em sites internacionais e também achei livros muito bacanas sobre o assunto. 

Comecei meio que sozinha, com ajuda aqui e ali, tendo sorte dos veterinários que eu conversava serem favoráveis (apesar de não saberem prescrever) a mudança da alimentação. Sabendo que é um trabalho árduo, devido à falta de informações e, em alguns casos, até desencorajamento de terceiros, deixo aqui uma cartilha que encontrei nas minhas pesquisas, com tudo sobre a alimentação crua, mas de forma bem resumida. 

GUIA
Os pontos-chave são:

  • Varie sempre.
  • A proporção entre cálcio e fósforo deve ser de 1:1. Carnes são ricas em fósforo, ossos são ricos em cálcio. Presas inteiras, peixes e ovos tem a proporção balanceada. 
  • As vísceras não devem exceder os 15% da dieta. Não sirva fígado sempre, varie entre as vísceras (coração bovino e de frango, e moela são consideradas carnes). 
  • Se acostume a oferecer "carnes estranhas", como pés, cabeça, pescoço de frango e peru, traqueia, rabo, rim, testículos. Traqueia, pés de frango e peru são ricos em condroitina e glucosamina, que ajudam a ter articulações saudáveis.
  • Quando oferecer porco ou salmão, congele as carnes por pelo menos uma semana antes de oferecê-la (e prefira alimentar com salmão selvagem).
  • NUNCA ofereça ossos cozidos. Os ossos crus são digeridos facilmente pelos cães. Por segurança, supervisione sempre as refeições.
Sempre que possível, prefira carnes de animais criados soltos e sem hormônios e antibióticos. 

O QUE OFERECER
Uma preocupação comum quando mudamos da ração para a alimentação crua é que "ela não é completa nem balanceada". Não é verdade, por dois motivos. Primeiro, ninguém sabe ao certo o que é uma refeição completa e balanceada. Segundo, uma refeição balanceada acontece com o tempo: cada refeição não precisa ser completamente balanceada, desde que consigamos suprir as necessidades nutricionais dos cães a longo prazo. Você não calcula as porcentagens exatas de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais nas suas refeições, e não precisa fazer isso com os cães. Se você variar a alimentação, conseguirá o equilíbrio. 

Aqui em casa a maior parte da dieta é de ossos carnudos crus (60%), que incluem carcaça de frango, pescoço, asas, pescoço de peru. 

Ossos
Ossos longos não são considerados ossos carnudos crus e não devem ser oferecidos nem como ossos recreacionais. Ossos recreacionais interessantes são joelho de porco e bovino e pés de porco. Ofereça 1 a 2x na semana. Além de entreter por algumas horas, ajuda na limpeza dos dentes. 

Peixe
Os peixes podem ser oferecidos 1 ou 2x na semana, pois são fonte de ômega-3. Ofereça-os crus também. Há também a opção de suplementar o ômega-3 através de cápsulas de óleo de peixe. para cães com problemas articulares, a suplementação é fortemente recomendada. O óleo de linhaça também é fonte de ômega-3, mas os cães não são capazes de absorvê-lo tão bem quanto nós. 

Vísceras
Aqui em casa as vísceras fazem parte da dieta em uma pequena parte (15%). Podem ser de frango, porco ou bovina. 

Carnes
Também entram em 15% da dieta. Qualquer carne pode ser oferecida, entre elas coração. 

Ovos
Oferecidos crus e com casca (proporção perfeita de cálcio e fósforo), devem ser dados 2 ou mais vezes na semana. Talvez você tenha ouvido que a clara do ovo crua tem uma proteína que limita a biotina, e isso é verdade. Para evitar deficiências, ofereça junto com a gema. A gema, aliás, é a parte mais nutritiva: são excelente fonte de magnésio, cálcio, ferro, folato vitaminas A, E e B6. Prefira oferecer ovos orgânicos. 

Frutas e vegetais
São benéficos como suplementos. Os vegetais devem ser batidos no liquidificados. Os cães não conseguem obter todos os nutrientes dos vegetais se eles não forem batidos. Vegetais verde-escuros são ricos em vitamina B. Frutas maduras são mais facilmente digeridas e também contém vitaminas. Outros alimentos vegetais que são aliados da boa nutrição são salsinha, açafrão, gengibre e alho (em pequenas quantidades). Não oferecer carboidratos (batatas de nenhum tipo, inhame, cará etc). 

Grãos?
Na minha opinião, não são alimentos naturais para os cães, por isso, não fazem parte da dieta dos meus. Os cães conseguem digerir grãos, por isso às vezes os incluo no preparo de petiscos. Mesmo assim, prefiro não dar nenhum grão. 

QUANDO ALIMENTAR
Os meus comem duas vezes ao dia: café da manhã e janta. Filhotes devem ser alimentados de 3 a 4x ao dia. 

Não é um bicho de sete cabeças: depois de pouco tempo já adquirimos prática. Lembre-se de variar as carnes e animais oferecidos.

QUANTO OFERECER
Em geral, de 2 a 3% do peso corporal ideal do cão adulto (veja bem, IDEAL, não o peso atual). Se o cão for muito ativo, pode ser que ele precise de mais comida. Para saber se você está dando a quantidade ideal, avalie o escore corporal do cão. 

Escore corporal dos cães

Para filhotes, as porcentagens variam de acordo com a idade, mas sempre baseado no peso IDEAL:
Filhotes de 2 a 4 meses: 11% - 9%, 4x ao dia
Filhotes de 4 a 6 meses: 8% - 6%, 3x ao dia
Filhotes de 6 a 8 meses: 6% - 5%, 2x ao dia
Filhotes de 9 a 12 meses: 4% - 3%, 2x ao dia

Conclusão

De um modo geral, é fácil seguir as dicas. Com o tempo, você fica mais confortável com a nova dieta de seu cão e vê resultados na pelagem, dentes limpos e sem mau hálito, menos problemas de saúde.

O que escrevi aqui não é uma receita, mas dicas gerais. Além de ser o modo como escolhi alimentar meus cães. Se você for buscar mais informações sobre o assunto, verá que há muita coisa hoje e, como eu, terá sempre muito o que aprender. 

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