Com os cães fazendo cada vez mais parte da nossa família, morando dentro de nossas casas e não mais no quintal, fica difícil não antropomorfizá-los (tratá-los como humanos). E, como tudo, existe o jeito certo e o jeito errado de fazê-lo.
Infelizmente a maioria dos donos não antropomorfiza do jeito certo. Tratam os cães como se fossem humanos com casaco de pele; creditam sentimentos humanos aos cães; desculpam os cães por seu comportamento indisciplinado, sem ao menos querer saber o motivo que os levam a agir assim; dão alimentos inadequados a eles; não deixam os cães agirem como tal (cheirarem o bumbum de outros cães; cheirarem postes; rolarem na grama etc); desejam tentar entendê-lo como humanos, ao invés de tentar aprender mais sobre comportamento e linguagem canina. Dessa forma, criamos cães meio amalucados, que não sabem se portar como cães que são, e que acabam trazendo muitos problemas para seus donos (como agressividade, comportamentos compulsivos, medo etc).
Então, qual seria o jeito certo? Tratá-los como trataríamos nossos filhos. O quê? Como assim? Simples: com as crianças nos preocupamos em socializá-las com outras para aprender a dividir os brinquedos, a se comportar (não bater, não morder etc); nos preocupamos em educá-las (ou ao menos deveria), as estimulamos física e mentalmente. E com os cães? Simplesmente levamos nosso cão para uma simples volta no quarteirão para fazer suas necessidades; saímos para trabalhar e o deixamos em casa sem nenhum estímulo; não o socializamos com outros cães e pessoas (ele só conhece aquelas que vivem com ele); achamos que um educador canino é "bobagem". O resultado: acabamos com um cão frustrado, com excesso de energia e indisciplinado.
"Ah, mas ele come da melhor ração, dou sempre petiscos para ele, ele usa perfume, toma banho toda semana, gasto bastante com ele". Tudo bem, você pode continuar fazendo isso, mas SÓ ISSO não supre as necessidades dos cães. Eles precisam de estímulos físicos e mentais diariamente para se tornarem equilibrados e saudáveis (e com isso, nosso relacionamento melhorar).
E como fazê-lo? Igual com as crianças: socializar o cão com outros cães, sempre, filhotes e adultos (se seu cão for filhote, leve-o para casas de amigos que tenham cães amigáveis e saudáveis; convide amigos com cães saudáveis e amigáveis para ir até sua casa); socializar o cão com outras pessoas (crianças, idosos, homens de chapéu, carteiros, garis, mulheres, pessoas em cadeira de rodas, adolescentes, pessoas correndo, andando de bicicleta (patins, skate), etc); socializar o cão com objetos e ambientes (aspirador, liquidificador, vassoura, carro, rua, avenida, estacionamento, parque, barulhos diversos); educá-lo (contrate um educador canino responsável, que use métodos que não punam o cão); passeie no mínimo 1h por dia com ele; brinque com ele; ofereça brinquedos que o distraia enquanto fica sozinho em casa (Kong recheado, petiscos espalhados pela casa, quebra-cabeças canino; brinquedos dispensadores de comida); pratique alguma atividade com ele (mas antes converse com seu veterinário para saber qual o estado de saúde de seu cão e veja se ele pode fazer); mantenha-o no peso (cães obesos e com sobrepeso desenvolvem uma série de doenças e tem a sua expectativa de vida reduzida); cuide de sua saúde física (escová-lo regularmente, banhá-lo sem exagero (nada de perfume!), escovar seus dentes e examiná-lo diariamente, cortar ou lixar suas unhas, limpar os ouvidos), procure dar o melhor alimento para ele (seja ração ou Alimentação Natural); evite o excesso de vacinas (procure um profissional que faça um protocolo de vacinação personalizado). Esse é o jeito certo de tratar um cão como um humano, sem esquecer que ele é um cão.