Mas os cães estão sempre nos mandando sinais, através da sua (riquíssima) linguagem corporal. Basta que nós saibamos ler estes sinais, que podem ser muito nítidos ou mais sutis, e evitarmos acidentes, principalmente com crianças: afinal, cães que sentem medo fogem e nos dão estes sinais mas, se não os lermos e insistirmos na aproximação, eles podem se sentir acuados e atacar (o que pode ser desastroso, se ele tiver um mal (ou nenhum) treino de mordida).
Um exemplo: seu cão tem medo de crianças e você, um dia, recebe uma criança em casa. O cão corre pra caminha dele, fica agachado, de olhos arregalados, virando a cara e lambendo o focinho (alguns sinais de medo - vejam mais no desenho abaixo). As crianças não entendem a linguagem corporal dos cães: cabe a nós, adultos, entendermos e explicar que, quando um cão está desse jeito, não se deve chegar perto dele. Agora, digamos que ninguém saiba disso e deixam a criança chegar perto do cão, porque ele é bonzinho. A criança vai chegando perto, mais perto e o cachorro, sem saída, ataca a criança. "Que cachorro malvado, traiçoeiro, atacou do nada!". Não. Ele deu todos os sinais que estava desconfortável com aquela situação, ANTES de atacar.
Agora, fatores que podem atenuar esse ataque: o cão ter um ótimo treino de mordida (ele encosta apenas o focinho na pele, só deixando na criança um pouco de saliva); porte pequeno do cão (ele pula na criança, mas não a machuca, pois não tem peso suficiente para tanto). Fatores que podem tornar o ataque desastroso: porte médio para grande do cão (ele pula na criança e, com o peso, a derruba e machuca); péssimo (ou inexistente) treino de mordida (onde o cão morde mesmo, lacerando a pele e tirando sangue). Se você juntar os dois fatores (cão de porte grande/médio e péssimo treino de mordida), terá um acidente grave.
Veja o quadro abaixo para aprender a ler os sinais que seu cão lhe dá de quando está com medo. Se seu cão mostrar alguns destes sinais, identifique as situações e, com a ajuda de um profissional, trabalhe com o cão (contra-condicionamento, dessenssibilização e BAT (treino para mudar o comportamento)) para que ele perca o medo. Lembre-se: nós precisamos ajudá-lo: os cães não superam o medo sozinhos. E contratem um profissional que não use aversivos (trancos, gritos, choques, chutes, tapas etc), e sim um que recompense os bons comportamentos e ignore os maus. Só assim seu cão realmente será ajudado e será infinitamente mais feliz, sem medos!
Imagem do site da Dra. Sophia Yin (pdf gratuito), veterinária especialista em comportamento animal e autora de vários livros sobre o assunto
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